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‘O pior diplomata do mundo’, diz revista americana sobre Ernesto Araújo

ERNESTO ARAÚJO O PIOR DIPLOMATA QUE O BRASIL JÁ TEVE

A revista Jacobin publicou na última terça-feira (26) uma reportagem sobre o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, em que também retrata as dificuldades de Jair Bolsonaro.

Para a publicação, o ministro das Relações Exteriores do Brasil é “o pior diplomata do mundo”. Para Jacobin, a aparição de Bolsonaro num primeiro evento internacional, em Davos, “foi particularmente humilhante para um país como o Brasil que anseia pelo reconhecimento internacional”.

De acordo com a revista , segundo todos os relatos, a multidão de plutocratas e filantropos de Davos não se impressionou com os comentários chocantemente breves e empolados de Bolsonaro.

E cita Heather Long, correspondente do jornal Washington Post que definiu a participação do recém empossado presidente brasileiro como uma “grande falha”.

Em vez de tentar corrigir os danos, diz a revista, Bolsonaro levou para o Twitter a comemoração da notícia de que o deputado assumidamente gay esquerdista Jean Wyllys fugiria do país após sofrer ameaças.

A publicação relata que, enquanto Bolsonaro conversava com empresários e políticos proeminentes na Suíça, um dos principais jornais brasileiros ligou o seu filho Flávio a membros de um grupo de extermínio do Rio de Janeiro, conhecido como Escritório do Crime.

A mesma milícia estaria envolvida no assassinato de Marielle Franco, uma vereadora de esquerda afro-brasileira assassinada em março de 2018.

Para a revista Jacobin, desde que assumiu o cargo, Ernesto Araújo deixou de lado qualquer pretensão de conciliação com os críticos internacionais de Bolsonaro.

“Araújo procura satisfazer o fervor reacionário que tomou conta do corpo político brasileiro, afirmando uma nova visão para o Brasil no cenário mundial.

Ao fazê-lo, ele está enfraquecendo a posição global do país em nome de um projeto doméstico radical sintetizado, mas não totalmente expresso, pela belicosidade superficial de Bolsonaro”, diz a revista.

Como Rosana Pinheiro Machado e Lucia Mury Scalco observaram em Jacobin, Bolsonaro “emprega o ódio como mobilizador político e até mesmo incita a violência diretamente contra seus concorrentes políticos”.

Araújo, que se imagina profundamente pensador, está tramando algo diferente. Em sua opinião, a presidência de Bolsonaro é uma cruzada de décima primeira hora para sustentar o edifício sitiado da civilização ocidental.

Em um artigo revelador publicado na Bloomberg pouco depois de assumir o cargo, Araujo criticou o filósofo austríaco-britânico do século XX Ludwig Wittgenstein por elaborar uma “desconstrução avant-la-lettre pós-moderna do sujeito humano” que estabeleceu “as raízes filosóficas de nossa atual ideologia globalista totalitária”.

“Eu não tive vergonha de articular as apostas como ele”.

Compreender as idiossincrasias intelectuais de Araújo é a chave para entender o zelo cru e a depravação intelectual do Brasil de Bolsonaro, diz a revista.

Para a Jacobin, Araújo pode não ter as credenciais tradicionais para o papel que ocupa agora.

Mas ele é um ávido discípulo de Olavo de Carvalho, o guru pseudo-intelectual da extrema direita brasileira que transita há décadas nas conspirações que ajudaram a impulsionar a ascensão de Bolsonaro.

No atual clima político do Brasil, essa conexão vai longe.

De fato, em seu primeiro discurso oficial, Araújo afirmou que, “depois do presidente Jair Bolsonaro, [Carvalho] talvez seja o maior responsável pela imensa transformação que o Brasil está experimentando”.

A direita brasileira há muito acusa o Partido dos Trabalhadores de politizar a burocracia federal e conduzir as relações exteriores de acordo com linhas nitidamente ideológicas.

Agora, no entanto, Araújo está afastando o Brasil de praticamente todos os grandes países industrializados, exceto os Estados Unidos, reivindicando para si mesmo o manto de políticas raciocinadas e imparciais, apesar das apostas existenciais que ele invocou em seus pronunciamentos, diz a revista em texto assinado por Andre Pagliarini.

Para Araújo, a moral da história é clara:

“Alguns dirão que o Brasil não é o que o presidente Bolsonaro acredita que é, e creio que é, dirão que o Brasil não pode influenciar o destino do mundo, defender os mais altos valores da humanidade; que devemos apenas exportar bens e atrair investimentos, porque afinal somos um país bom, quieto e pacífico, mas impotente.

Eles dirão que o Brasil é apenas Alonso Quixano.

Mas o Brasil vai responder: eu sei quem eu sou. “Se Araújo sabe como a história de Dom Quixote termina, é uma questão em aberto.

NP

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