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Os tucanos entregaram a Vale; agora, Temer dá a Vale aos tucanos

UM JOGO DE CORRUPÇÃO

Estarrecedora a matéria publicada pelo jornalista Kennedy Alencar, informando que o braço direito de Michel Temer, Eliseu Padilha, trabalha para colocar no comando da Vale um indicado por Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso, o mesmo que a vendeu, a preço de banana, vão se completar 20 anos, em maio próximo.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, trabalha para derrubar o atual presidente da Vale, Murilo Ferreira, e indicar um nome avalizado pela cúpula do PSDB, ouvindo com destaque as opiniões do senador Aécio Neves e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Essa articulação tem causado desconforto no mercado financeiro, porque Murilo Ferreira implementou um plano de recuperação da companhia bem visto por investidores e agora há uma tentativa de ingerência política na empresa.

A composição societária da Vale tem fundos de pensão importantes, como a Previ, a maior acionista da empresa, e o BNDES, que tem a chamada “golden share”, uma ação que dá ao banco poder de veto e influência em assuntos importantes. Os acionistas privados são o Bradesco e o grupo japonês Mitsui.

Pelo acordo de acionistas, as regras de governança tornam obrigatório que os sócios privados sejam ouvidos. O Bradesco é o segundo maior acionista da Vale.

Mas Padilha está atuando para que o PSDB banque um nome que possa ser impostos aos acionistas públicos e privados. O ministro da Casa Civil tem sido o articulador de grandes assuntos no governo.

Foi dele, por exemplo, a desastrosa sugestão para levar o caso do então ministro Geddel Vieira Lima à Advocacia Geral da União. Essa saída criou uma crise para o presidente Michel Temer.

A articulação de Padilha na Vale tem potencial para criar outra confusão. Sem contar a apreensão do governo em relação ao que as delações da Odebrecht podem revelar sobre Padilha, abrindo outra crise em relação a um ministro com assento no Palácio do Planalto.

O que os tucanos vão cavar na Vale?

FERNANDO BRITO

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