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Vaticano publica desmentido do desmentido sobre terço do Papa a Lula

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A polêmica envolvendo um terço que teria sido enviado pelo Papa Francisco ao ex-presidente Lula através de seu emissário causou uma série de distorções em sites de notícias do Brasil e fez com que a agência de checagem Lupa, ligada à Folha, colaborasse para a disseminação de uma fake news.

Uma nota divulgada pelo ‘Vatican News’ foi usada por agências de checagem de dados, como ‘Lupa’ e ‘Aos Fatos’, para atacar sites progressistas.

Horas depois, o Vatican News deletou a nota sob a justificativa de que ela havia sido mal traduzida e, portanto, distorcida pelas agências de checagem brasileiras.

De acordo com nota oficial do Vaticano, Juan Grabois, emissário do Papa Francisco, veio ao Brasil trazer a Lula um terço abençoado pelo líder da igreja católica mas foi barrado na sede da Polícia Federal em Curitiba.

“Grabois definiu inexplicável a rejeição de não ter podido se encontrar com Lula a quem queria levar um Terço abençoado pelo Papa, as palavras do Santo Padre e as suas reflexões com os movimentos sociais e discutir assuntos espirituais com o ex-chefe de Estado”, diz o texto.

A nota atualizada desmente as informações já deletadas pelo próprio ‘Vatican News’ que antes se referiam a Grabois como “ex-consultor” e também como alguém que agia “em caráter pessoal”.

O novo texto também não apresenta um trecho que foi destacado por portais brasileiros e pelas agências de checagem, que afirmava que “terços como esse são levados a tantos prisioneiros do mundo sem entrar no mérito de realidades particulares”.

Segundo a nota atualizada, portanto, Grabois é, de fato, consultor do papa Francisco e veio ao Brasil com a missão de trazer a Lula um terço abençoado e também as palavras do Santo Padre.

Diante da gafe ou má fé das agências de checagem, que deveriam combater as fake news ao invés de criá-las, alguns jornalistas brasileiros se manifestaram publicamente. Confira abaixo.

Cynara Menezes: Jornalismo? O papa enviou um terço a Lula, leio no portal UOL. Reproduzo a foto do terço na página do site no Facebook. Hoje pela manhã, o perfil no twitter “vatican news”, que diz ser ligado à secretaria de imprensa do vaticano, afirma que Juan Grabois, a pessoa que entregou o terço, o fez por conta própria.

Apago imediatamente a foto do dia anterior e me desculpo com os leitores, aguardando mais informações, porque a história parece mal contada. Mas as “agências de checagem” cravam: FAKE NEWS! Segundo elas, o terço não foi enviado pelo papa e o emissário Juan Grabois sequer é consultor do papa Francisco.

As agências apontam o dedo para vários sites alternativos que reproduziram a suposta notícia falsa, citando textualmente o Diário do Centro do Mundo, a Revista Fórum e o Brasil 247.

Vejam bem: a “fonte” da checagem não foi o próprio vaticano ou alguma fonte ligada ao papa.

Os checadores não fizeram o básico do jornalismo: ouvir a fonte da notícia. Se limitaram a copiar o tweet do tal vatican news para carimbar como propagadores de notícia falsa estes três sites.

E não citaram em nenhum momento o portal UOL, um dos primeiros em dar a notícia. Pois bem: o vatican news acaba de dar o desmentido do desmentido, dizendo que o papa francisco abençoou o tal terço e que Grabois é, sim, consultor do papa.

Detalhe: o papa já enviou terços a outras pessoas presas. Milagro Sala, presa por Macri na argentina, ganhou um. Jorge Glas, o vice-presidente do Equador, também ganhou.

Quer dizer, não é nenhuma insanidade afirmar que o terço de Lula foi enviado pelo papa.

Que espécie de checagem é essa? Que jornalismo é esse?

Leandro Fortes: Assim que começou essa modinha de agência de checagem de fake news, capitaneada justamente pela velha mídia brasileira – maior produtora de notícias falsas do planeta -, eu avisei aqui: esse movimento não tem interesse público algum, nem nenhum compromisso com a verdade.

Foi pensado para criminalizar a mídia alternativa e intimidá-la, de modo a acabar com o único contraponto que a sociedade tem às máfias noticiosas, com o Grupo Globo à frente.

Essa polêmica em torno do rosário enviado pelo papa Francisco ao presidente Lula, preso político em Curitiba, é extremamente reveladora disso.

Essa tal de Lupa, em meio a uma miríade de desmentidos sobre o tema, ignorou completamente que o UOL foi o primeiro a dar a notícia no Brasil e, a partir de uma checagem porca feita com um certo Vatican News, apontou o dedo para o Brasil 247 e a revista Fórum.

Um expediente de calúnia que visa desmoralizar esses veículos e provocar sanções junto ao Facebook.

Na origem dessa pilantragem está o pavor dessa cristandade paneleira de bunda suja diante da possibilidade de o papa intervir a favor de Lula, o que colocaria a Igreja na luta direta contra essa farsa jurídica comandada pelo juiz Mazzaropi, no maior país católico do mundo.

O fato é que o tal rosário foi abençoado por Francisco e entregue a Lula por um emissário oficial do Vaticano.

E isso não tem nada a ver com religião.

Como podemos acreditar nas denúncias que essa corja faz contra Lula e deixa políticos comprovadamente corruptos, como Aécio Neves e outros do PSDB soltos.

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