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Coordenador da operação Lava-Jato na PGR deixa o cargo

foto: Agência Brasil

O procurador José Alfredo de Paula Silva, coordenador do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR (Procuradoria-Geral da República), pediu demissão do cargo na sexta-feira (12).

Em ofício, Silva justificou a decisão de deixar a gestão de Raquel Dodge por causa de questões pessoais.

A saída de Silva era esperada para setembro, quando termina o mandato de Dodge no comando da PGR. A antecipação pegou colegas de surpresa.

O procurador comandava o grupo de trabalho da Lava Jato desde setembro de 2017, quando Dodge assumiu o cargo.

A informação da demissão foi antecipada nesta terça-feira (16) pelo jornal O Globo e confirmada pela reportagem.

O jornal O Globo atribui a decisão de Silva a um descontentamento com a procuradora-geral por causa do ritmo supostamente lento das investigações.

Um dos episódios que têm gerado críticas a Dodge é a demora para enviar ao Supremo Tribunal Federal a delação do empreiteiro Léo Pinheiro para ser homologada.

O ex-presidente da OAS citou autoridades do Judiciário e do Legislativo em sua delação, mas os relatos só podem ser usados depois da homologação pelo STF.

Ainda segundo o jornal fluminense, outro fato que desagradou Silva é a tentativa de Dodge ser reconduzida ao cargo por fora da lista tríplice.

Ela não disputou a eleição interna realizada no Ministério Público Federal em junho que resultou em uma lista entregue ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) com os três nomes mais votados.

A lista tríplice não tem previsão legal, mas tem sido observada por todos os presidentes da República desde 2003.

Os defensores desse instrumento dizem que ele contribui para garantir a independência da PGR. Bolsonaro não se comprometeu a indicar um nome da lista.

REUNIÃO

Raquel Dodge chamou o procurador Deltan Dallagnol e demais integrantes da força-tarefa da  Lava Jato em Curitiba para uma reunião em Brasília nesta terça (16).

O encontro será para discutir o vazamento de conversas atribuídas ao grupo de investigadores e ao ministro da Justiça, Sergio Moro, quando era juiz da 13ª Vara em Curitiba.

A procuradora-geral deverá fazer uma defesa da operação e de sua importância para o combate à corrupção. Há previsão de que, após as tratativas, ela se manifeste institucionalmente em favor dos procuradores, possivelmente por meio de nota.

O afago de Dodge aos investigadores vem num momento em que ela tenta ser reconduzida ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro e também de forte desgaste para os membros da força-tarefa, cujas condutas vêm sendo postas sob questionamento com a divulgação de seus diálogos.

O teor das mensagens vem sendo publicado pelo site The Intercept Brasil e outros veículos, incluindo a Folha de S.Paulo. As primeiras vieram à tona em 9 de junho, em reportagem do Intercept.

FolhaPress SNG

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