Em tempos normais já estaria sendo cassado o mandato do bombadão Daniel Silveira, cabo da PM que se elegeu deputado vilipendiando a memória de uma mulher assassinada, Marielle Franco, cujo nome partiu numa placa e exibiu à matilha.
E não aconteceu nada.
Depois, invadiu o Colégio Pedro II, para dar uma “lição” a alunos adolescentes, segundo ele, “doutrinados”.
E nada.
Dias depois, deu um tapa no celular do jornalista Guga Noblat, espatifando no chão o aparelho e desafiando: “Te bati, babaca. Vai no STF e me processa.”
De novo, não se tomou providências.
Em seguida, infiltrou-se numa reunião, gravou e divulgou as conversas nada polidas de seus colegas de partido. E nada sucedeu, senão o prazer da turba bolsonarista.
Estimulado pela lassidão das reações, o brutamontes deu um passo adiante e postou num grupo de Whatsapp parlamentar que se tentarem cassar seu mandato por quebra de decoro, ““tem muita coisa para foder o parlamento” e que vai “bagunçar o coreto de todo mundo, vou sacudir o Brasil”, se a turma não “alinhar”.
E avisa que não sabem do que ele é capaz, porque “não estão acostumados com alguém como eu.”
A Bela Megale, de O Globo, que teve acesso à bravata, fez o que achou ser uma “amenizada”, dizendo que aquilo foi produto do “calor do momento”:
— Aquilo ali é subjetivo. Tipo assim, pô, vou foder todo mundo.
Ah, bom… O debate político virou blitz da PM: “encosta aí, mão na cabeça, perna aberta, senão te cubro de porrada”. Todo mundo tem de se alinhar ao cabo daniel.
Todo mundo, ali, são os outros 512 deputados, inclusive o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que está obrigado a tomar providências imediatas.
Senão, assim, no calor do momento, o Daniel “fode todo mundo”…
FERNANDO BRITO