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Justiça no Brasil é sinônimo de deboche/ Por Sérgio Jones*

Senhores que acreditam que a terra é plana, agora tem algo mais para defender e ficar convencido, de que no planeta Brasil existe justiça. A prova viva dessa assertiva pode ser constatada com o fato da nossa briosa e incorruptível Polícia Federal ter chegado à sábia conclusão de que não há indícios de que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) tenha cometido os crimes de lavagem de dinheiro e de falsidade ideológica no inquérito eleitoral que mira tanto as negociações de imóveis feitas pelo degenerado filho mais velho, do não menos despudorado presidente, como a sua declaração de bens na eleição de 2018.

A previsão é a de que o laborioso relatório forjado, com muita eficiência, pelos áulicos do poder, desta republiqueta de vagabundagem, em que foi transformado o Brasil. É que nos próximos dias, a polícia vai se encarregar para que o caso seja entregue um órgão, que curiosamente aqui, conhecemos pela denominação de justiça.

O mais vergonhoso de toda esta pseudo realidade é o que foi apurado pela PF não corresponde, e se choca frontalmente, com os elementos encontrados em um outro inquérito, do Ministério Público do Rio, que apura a prática de “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa — ele foi deputado estadual de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019.

Nesse tipo de prática criminosa, funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários aos deputados. De acordo o que foi apurado pela Promotoria, que investiga a prática de peculato, ocultação de patrimônio e organização criminosa, o indigitado e então deputado estadual se apropriou indevidamente de R$ 2,3 milhões com transações imobiliárias e com sua loja de chocolates.

É claro que o papel de todo criminoso é negar o ilícito praticado. Não haveria o porquê de ser diferente neste caso. O senador nega que tenha cometido os crimes sob apuração. Ninguém é obrigado a se auto –incriminar ou a produzir prova contra si mesmo. Enquanto isso, a impunidade graça em todo o país, livre, leve e solta. Importante destacar que a impunidade é mais benevolente para com os ricos, não alcança os menos favorecidos.

Não podemos e nem devemos esquecer que o procedimento que hoje está com a PF teve sua origem em uma notícia crime feita pelo advogado Eliezer Gomes da Silva com base em reportagem da “Folha de S. Paulo” de janeiro de 2018 que apontava a evolução patrimonial de Jair Bolsonaro, então deputado federal, e seus queridos pimpolhos. Família desonesta unida, jamais será punida.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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