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O que representa a declaração de Tillerson sobre a Coreia do Norte?

Montagem com o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un (Foto: Carlo Allegri/Reuters; KCNA/via Reuters)

secretário de Estado americano, Rex Tillerson, pode ter anunciado na noite de terça-feira (13) uma mudança radical da política dos Estados Unidos em relação à Coreia do Norte, ao afirmar que Washington está disposto a conversar com Pyongyang “sem condições prévias”.

“Não é realista dizer: ‘só vamos falar com vocês se vierem à mesa de negociações prontos para abandonar seu programa'” nuclear, declarou Tillerson durante entrevista coletiva em Washington. “Estamos dispostos a conversar, se a Coreia do Norte quiser conversar”, declarou.

Até o momento, os Estados Unidos afirmavam que qualquer negociação deveria ser limitada à eliminação das armas nucleares da península coreana.

Após um ano de ameaças e insultos entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, seriam essas declarações o prenúncio de uma redução das tensões?

Confira abaixo alguns elementos dessa possível transição:

O que mudou?

Durante anos, os Estados Unidos se negaram a negociar, se a Coreia do Norte não adotasse medidas para desmantelar seu programa nuclear.

Desde 2006, o país asiático fez 6 testes nucleares e, no final de novembro passado, garantiu ter-se tornado um Estado nuclear, após um novo lançamento de míssil intercontinental. A possibilidade de um desarmamento é pouco provável, agora, segundo vários especialistas consultados pela AFP.

Qual a avaliação de Trump?

O governo Trump tentou aumentar a pressão sobre Pyongyang, mediante sanções e uma retórica belicosa. Em um colóquio realizado há 10 dias, o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, general H.R. McMaster, declarou que a probabilidade de uma guerra contra a Coreia do Norte “aumenta a cada dia”.

Nos últimos meses, o presidente americano minou os esforços de seu secretário de Estado no sentido de apaziguar a relação com o regime de Kim Jong-un. “Disse a Rex Tillerson (…) que perde tempo, negociando com o pequeno Homem-Foguete”, tuitou Trump em outubro.

Mas os rumores sobre uma mudança de titular no Departamento de Estado, que aumentaram recentemente, não permitem confirmar uma mudança na política dos EUA em relação à Coreia do Norte.

De fato, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, afirmou que a postura de Trump sobre o país asiático “não mudou”.

Como Pyongyang reagirá?

Há muito tempo exigindo conversas sem condições prévias, a Coreia do Norte pode responder de forma positiva a Tillerson, afirmam especialistas.

“A estratégia do Norte é aguentar e sofrer as sanções até que a comunidade internacional se veja obrigada a reconhecer o fato de que o Norte é uma potência nuclear”, acredita Chung Sung-Yoon, do Instituto para a Unificação Nacional de Seul.

Quanto mais seu programa nuclear avançar, mais força a Coreia do Norte terá em possíveis negociações.

Como seus vizinhos vão reagir?

É provável que Coreia do Sul e China, única aliada importante e principal sócia comercial da Coreia do Norte, vejam com bons olhos as declarações de Tillerson.

Washington já pediu a Pequim várias vezes que pressione o vizinho norte-coreano, enquanto o governo chinês insiste em uma saída pacífica para a crise. O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, também é partidário do diálogo.

Aliado militar de Washington na Ásia, o Japão também pede que se encontre uma maneira de reduzir as tensões com o regime de Kim Jong-un.

Quais são os precedentes?

Todos os esforços ocidentais fracassaram na últimas décadas.

Um acordo-marco de 1994 propunha à Coreia do Norte reatores nucleares civis e outros programas de ajuda em troca da desnuclearização.

Washington acusou Pyongyang, porém, de ter retomado secretamente seu programa de armamento nuclear. Enquanto isso, a Coreia do Norte se indignava com os atrasos na entrega da ajuda, pondo fim ao acordo.

Em 2003, começaram as conversas sobre o programa nuclear norte-coreano entre China, Estados Unidos, as duas Coreias, Rússia e Japão. Dois anos depois, Pyongyang prometeu renunciar às suas operações nucleares, mas acabou fazendo seu primeiro teste atômico em 2006.

O regime norte-coreano se retirou das conversas em 2009 e fez seu segundo teste nuclear pouco depois. Desde então, o país seguiu adiante com suas ambições nucleares, acelerando o movimento com a chegada de Kim Jong-un ao poder, após a morte de seu pai, Kim Jong-il, no final de 2011.

Por France Presse

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