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Um ano do desastre em Brumadinho: Paraopeba contaminado e pescadores sem renda

Tragedia na cidade de Brumadinho em Minas Gerais

 “Marcha dos Atingidos: 1 ano do crime da Vale em Brumadinho” caminhou por Pompéu (MG). A cidade, que fica a 175 km de Belo Horizonte, foi impactada pelo rompimento da barragem, em especial, no quesito econômico – os pescadores da região estão sem renda por conta da contaminação do Paraopeba.

Pescadora de Cachoeira do Choro, Eliana Marques, 50, relata com tristeza a quebra dos laços afetivos causada pela falta de perspectiva de vida na comunidade.

“Na minha casa, são cinco moradores, mas só eu consegui direito ao auxílio porque tenho conta de luz no meu nome. Meu filho e a esposa dele foram embora para conseguir algum sustento para o meu neto de 3 anos, ele chora quase todo dia de saudade da mãe. Nem os comerciantes conseguem sobreviver lá, o território está cada vez mais vazio”, conta.

Segundo a atingida, a situação ficou ainda pior.

“Estamos na piracema época de reprodução dos peixes, quando a pesca fica proibida.

Em setembro, a Vale cortou nosso auxílio emergencial obrigando os pescadores a voltar para o rio e tentar vender os peixes fora da região”, explica Eliana.

Para além da questão econômica, o contato com o rio Paraopeba traz também elementos simbólicos, já que para os ribeirinhos a relação com o rio é de um vínculo muito forte.

“Cada cantinho lá tem um nome que a gente deu, no final de semana a gente pegava as tralhas e ia para beira do rio, era churrasco, cervejinha, todo mundo junto”, relembra a pescadora.

Raimunda Maria da Silva, também moradora de Cachoeira do Choro, relata que, desde o rompimento da barragem em Brumadinho, é obrigada a se deslocar constantemente até o município de Sabará em busca de água potável.

“Cachoeira era o meu lugar, eu tinha minha horta, a gente nadava no rio, pescava e usava a água até para cozinhar. Minha horta está morrendo, não tenho mais condições de cuidar”, explica.

A atingida relata que já teve problemas de garganta após consumir a água do Paraopeba, que fica a 300 metros de sua casa. Na família de Raimunda, uma situação comum daqueles que conseguiram receber o auxílio emergencial: apenas ela foi cadastrada, sendo atualmente a única fonte de renda familiar.

A comunidade está impaciente com o jogo de empurra entre a Vale e COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais). “Já protocolamos diversos pedidos de análise da qualidade da água para consumo e nada, nenhuma resposta”, afirma a pescadora Eliana Marques. Segundo a atingida, durante o ano, a água apresentou alteração de coloração e odor.

Tatiane de Menezes, que é produtora rural no assentamento Queima Fogo, em Pompéu, conta que a Vale distribui água mineral para as famílias, mas que há problema no abastecimento de água mineral. “As pessoas consomem a água dos caminhões pipa da COPASA, que chegam enferrujado, com a água em condições alteradas”, diz a agricultora.

No entanto a  Vale S.A. anunciou em Nova York que pretende distribuir R$ 7,25 bilhões de dividendos aos seus acionistas, como resultado das atividades da empresa em 2019.

Esse valor supera os distribuídos pela companhia em 2017 (R$ 4,72 bilhões), 2016 (R$ 5,52 bilhões) e 2015 (R$ 5,02 bilhões).

O anúncio ocorre no marco de 11 meses do rompimento da barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho, que deixou 257 mortos e 13 desaparecidos. (Claudia Rocha)

Até a hoje a situação é de desespero para os sobreviventes do desastre, a Vale não indenizou as vítimas nem fez a recuperação ambiental da área. O mesmo acontecendo com a maioria das vítimas da barragem de Sobradinho.

Governo federal nada faze para agilizar a recuperação do meio ambiente e indenização dos sobreviventes.

Mas exite dinheiro sobrando para distribuir 7 bilhões e 200 milhões de reais com acionistas.

A Vale também tem dinheiro para fazer propaganda mentirosa na Televisão.

Por onde anda a justiça desse país? (cljornal)

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