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2 presos são mortos e 2 agentes são feitos reféns em rebelião no PR

Ainda pela manhã, um veículo do Instituto Médico-Legal (IML) esteve na PEC. A polícia e nem o Depen confirmaram se corpos foram recolhidos da unidade. (Foto: Anna Flávia Nuves/RPC)

A rebelião na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), no oeste do Paraná, já passa de 24 horas. Até as 16h45, a situação seguia sem solução. Segundo o diretor do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen), Luiz Cartaxo, dois presos foram mortos, um deles decaptado. Dois agentes penitenciários são mantidos reféns desde o início do tumulto e, conforme o Depen, estão bem.

Durante a rebelião, que começou por volta das 15h30 de quinta-feira (9), outros seis presos ficaram feridos. Segundo o Samu, ao menos três deles tinham ferimentos na cabeça provocados por socos e chutes e foram levados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Veneza. Feridos menos graves são atendidos na própria penitenciária também por uma equipe do Siate.

Um terceiro agente que tinha sido rendido foi liberado no final da tarde de quinta. Ele também sofreu ferimentos na cabeça.

Equipes do Setor de Operações Especiais (SOE) e da Polícia Militar (PM) estão no local para tentar negociar o fim da rebelião. No início da manhã, a PM chegou a dizer que a negociação estava prestes a ser concluída, mas pouco tempo depois afirmou que os detentos não cumpriram o acordo e que, por isso, as negociações tiveram que recomeçar.

Ainda pela manhã, um veículo do Instituto Médico-Legal (IML) esteve na PEC. A polícia e nem o Depen confirmaram se corpos foram recolhidos da unidade.

O Sindicato dos Agentes Penitenciários informou que a rebelião começou no solário da penitenciária. Os presos que estavam no local escalaram a parede e acessaram o telhado. Desde então, eles não saíram mais do local.

Em reunião nesta sexta-feira, a comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Cascavel levantou que os rebelados reclamam da queda na qualidade dos alimentos servidos e do tratamento dado às visitas. Os detentos, aponta o representante dos advgoados, Marcelo Navarro, exigem ainda a transferência de três agentes penitenciários.

Transferências

Segundo a Sesp, a PEC foi projetada para receber 1.160 presos. Até o início da rebelião, abrigava 980 detentos. Durante a madrugada desta sexta, 150 foram transferidos para a Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC) e outros 50 foram levados para Cadeia Pública da cidade, anexa à delegacia central, permanecendo cerca de 780.

Familiares aguardam do lado de fora do presídio em busca de informações de parentes. Por volta das 19h de quinta, eles chegaram a fechar a BR-277 para protestar sobre a falta de notícias, mas liberaram o trecho cerca de três horas depois.

‘Preservar vidas’

Informações preliminares da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) apontam para uma possível briga entre facções. A Sesp não confirma as demais exigências dos presos.

O governador Beto Richa (PSDB) disse durante a entrega de veículos para a Polícia Militar na manhã desta sexta em Maringá, no norte do Paraná, que equipes estão mobilizadas para que a rebelião seja encerrada da melhor forma.

“A segurança pública toda está mobilizada. Estão todos em Cascavel, com todo o cuidado necessário, porque têm dois reféns nesta rebelião. Segundo o secretário [de segurança] a cabeça do preso decapitado foi apresentada como um troféu por uma facção adversária, o PCC [Primeiro Comando da Capital] e outras facções. A Secretaria está lá tentando resolver esta situação da melhor maneira possível. O mais importante neste momento é preservar vidas”, comentou.

Outra rebelião

Em 2014, outra rebelião na mesma unidade deixou ao menos cinco presos mortos e 27 feridos. O motim foi encerrado após 45 horas. Na ocasião, cerca de 80% da estrutura da penitenciária foi destruída pelos presos. A reforma custou cerca de R$ 1,3 milhão.

Adriana Justi e Cícero Bittencourt

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