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Mãe contou o momento de desespero quando soube que sua filha foi estrupada na BA

Segundo a polícia, Edson Neris Barbosa Santos, de 27 anos, suspeito de ser o autor do crime. — Foto: Divulgação/ SSP-BA

“Ele me deu minha filha no colo e ela estava toda roxinha.

Minha pequena morreu nos meus braços”.

O relato é da jovem Jéssica Silva, 21 anos, mãe da pequena Ágatha Sophia, de apenas dois.

A criança morreu no domingo (20), após ser estuprada e sofrer violência física, no bairro de Vila Canária, em Salvador.

O principal suspeito do crime é o padrasto da menina, Edson Neris Barbosa Santos, de 27 anos.

Até a manhã desta terça-feira (22), ele era procurado pela polícia.

O enterro da garota será ainda nesta manhã, no Cemitério de Pirajá, também na capital.

O G1 conversou com Jéssica, que revelou que está sendo impedida pelos familiares de ir para o sepultamento da criança.

Ela conta que está sofrendo ameaças de linchamento, depois da morte da filha, por pessoas que acham que ela permitiu que o suspeito abusasse da filha.

“Ligaram para a minha família para me ameaçar, dizendo que vão me linchar.

Estão armando para me matar no cemitério. Minha mãe não quer deixar eu ir, mas eu preciso me despedir da minha princesa”, disse ela aos prantos.

Jéssica, que é diarista, deixou a filha com companheiro enquanto foi trabalhar, na tarde de domingo.

Ela conta que, por volta do meio-dia, falou com Edson pelo telefone, e a criança estava bem.

“Eu liguei e minha filha falou comigo.

Ela estava brincando, gritando, feliz.

Já de noite, umas 18h, ele me ligou e disse que ela estava passando mal, vomitando.

Eu fiquei desesperada e falei que ia para casa”, contou.

“Na agonia, eu perdi a van e não tive como voltar.

Liguei para ele e avisei que ia arrumar um carro urgente para me levar.

Aí ele disse: ‘Venha rápido porque a barriga dela tá inchando, a veia está alterada’. Eu fiquei mais desesperada ainda”

Jéssica detalha ainda que Edson estava nervoso, comportamento que a deixou ainda mais preocupada.

“Ele estava muito nervoso no telefone, e eu fui ficando cada vez mais nervosa também”.

“Perguntei a ele o que aconteceu, e ele mentiu.

Disse que minha filha tinha comido arroz, feijão, macarrão e salsicha, e que depois passou mal.

Eu fiquei sem entender.

Quando eu cheguei lá, que peguei ela no colo, ela estava cheia hematomas pelo corpo”, relembrou ela.

Edson entregou a criança à Jéssica enrolada em um pano, ainda na rua.

Depois disso, ele fugiu e não foi mais visto.

Até a manhã desta terça-feira (22), ele é considerado foragido pela polícia.

Quando recebeu a filha machucada nos braços, a diarista pediu socorro aos vizinhos.

Um homem levou ela e a criança para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Marcos.

A pequena Ágatha Sophia morreu antes de chegar no local.

“O último suspiro dela foi no meu colo.

Quando a gente chegou lá, ela já estava morta.

Os médicos tentaram ajudar, mas não adiantou nada. Minha filha…”.

A constatação da morte da criança foi feita na UPA, quando os médicos informaram à mãe da menina que ela havia sido estuprada.

“Quando me disseram que ela tinha sido estuprada, eu não soube o que pensar.

Fiquei sem chão.

Mandaram eu ligar para ele e fingir que ela não estava morta, para tentar encontrar ele, mas ele não foi.

Me disse que seria preso.

Eu fui do hospital para minha casa, para ver se encontrava ele, mas ele não estava lá”, detalhou Jéssica.

A mulher conta que o suspeito chegou a mandar mensagens de texto para ela, pedindo desculpa.

Jéssica afirmou que o homem confessou que havia batido na criança, mas negou o abuso sexual.

“Ele ficou pedindo desculpas e perdão.

Disse que tinha dado tapas na bunda dela porque ela errou.

Ficou o tempo todo dizendo isso e pedindo desculpas”, disse.

De acordo com Jéssica, o casal mantinha um relacionamento há um ano e sete meses.

Os dois começaram a morar juntos há cerca de um ano.

Em uma ocasião, ela lembra que ele chegou a agredi-la.

Com a criança, ela disse que Edson reclamava quando ela “fazia algo de errado”, mas que nunca agiu com violência.

“Ele já me bateu, mas foi uma vez e parou.

Nunca vi ele bater forte nela.

Ele reclamava com ela quando ela fazia cosia errada, batia de leve na mão, mas nunca foi violento com ela”, afirmou.

Jéssica ainda falou que costumava deixar a filha com o companheiro quando precisava trabalhar, e que ele nunca apresentou nenhum tipo de comportamento estranho.
“Ele nunca teve esse tipo de comportamento.

Ela brincava com ele, era apegada a ele como se fosse pai.

Se eu tivesse desconfiado de alguma coisa, nunca deixaria.

Eu confiava.

Nunca imaginei que ele seria capaz de fazer uma coisa dessas com minha pequena.

Eu quero justiça pelo que ele fez com minha filha.

Ele tem que responder”.

O caso é investigado por equipes da 2ª Delegacia de Homicídios (2ª DH/Central), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Itana Alencar

 

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