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O velho PMDB continua velho, mas tenta se travestir de novo sendo MDB

MDB está morimbundo

Um dos mais tradicionais partidos do Brasil, o MDB realizou na quarta-feira (1º) sua convenção na Bahia. Nela, confirmou as candidaturas de João Santana ao governo – tendo como vice Jeane Cruz – e de Jorge Viana ao Senado. Três emedebistas puro-sangue, no jargão político, que expõem a decadência a que chegou a legenda.

A chapa puro-sangue nunca é a primeira opção na democracia de coalização. No entanto, o isolamento provocado pela queda dos irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima em um redemoinho de denúncias impediu que outras siglas se aproximassem.

O ônus seria alto demais e ninguém está disposto a ser, ainda que minimamente, relacionado ao bunker com R$ 51 milhões. Essa situação não é novidade. Todavia, chega a ser triste ver como um dos símbolos da redemocratização no Brasil pode se tornar tão pequeno.

Os candidatos ao governo e ao Senado viveram os tempos áureos do ainda MDB e a transição para o PMDB. Sumiram da cena política baiana, suplantados pela ascensão da liderança de Geddel.

Depois que o correligionário acabou na cadeia, Santana recebeu “uma galinha pulando” para reestruturar o partido, em meio à debandada de deputados estaduais que deixou a sigla sem representação na Assembleia. Desde então, vem tentando pinçar antigos companheiros para não deixar o MDB afundar sem luta. Daí, por exemplo, apareceu o ex-deputado Jorge Viana.

Somados a uma ilustre desconhecida na vice, Santana e Viana até tentam se travestir como uma opção diferente à tradicional polaridade PT e DEM na Bahia.

Durante a convenção que homologou seu nome na disputa, o candidato ao governo, inclusive, foi audacioso ao sugerir que era o “mais novo nas ideias” entre os postulantes ao Palácio de Ondina.

Talvez os saudosistas acreditem nesse argumento. A foto em que aparecem os candidatos à majoritária de 2018 mostra exatamente o contrário. Não há nada de novo ali.

Carcomido pelos sucessivos desgastes também no âmbito federal com a desastrosa presença de Michel Temer no Palácio do Planalto – e a pífia candidatura de Henrique Meirelles ao posto -, o MDB vai chegar às eleições da Bahia como um senhor que merece respeito, mas que não deve ser mais levado a sério.

O discurso do único candidato realmente competitivo da sigla, o deputado federal Lúcio Vieira Lima, também não colabora para que o MDB retome o respeito que lhe cabe na historiografia brasileira.

O parlamentar reforçou que Geddel, preso desde setembro de 2017, é “ficha limpa” e que cabe à sociedade colocar na balança “defeitos e qualidades de um político”.

Tecnicamente ele está certo. Fraternalmente, também, já que é natural que ele defenda o próprio irmão. Entretanto, são raros os baianos a acreditar que o mais velho dos Vieira Lima seja o anjo de candura pregado.

O velho MDB continua velho. Seja no plano federal, seja na Bahia. E, por mais que tente se travestir de novo, não será fácil se livrar dos fantasmas do passado.

Fernando Duarte

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