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40% dos pacientes de UTI são submetidos à ventilação mecânica

A ventilação mecânica é um dos procedimentos mais utilizados no tratamento do paciente crítico internado nas unidades de terapia intensiva.

 

Estima-se que 40% desses fazem uso do ventilador pulmonar artificial para fazer as vezes dos pulmões, enquanto os pacientes estão em insuficiência respiratória e se recuperam desta: “Trata-se de um suporte avançado necessário para a manutenção da vida dos pacientes em insuficiência respiratória grave.

 

Em muitas situações, o paciente é incapaz de manter a ventilação e a oxigenação do organismo sem o auxílio de um ventilador mecânico: assim, necessita da ventilação artificial realizada pelo aparelho”, diz a Dra. Carmen Valente Barbas – médica intensivista e pneumologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

 

Há dois anos, em 2013, a médica intensivista foi uma das coordenadoras do documento “Recomendações Brasileiras de Ventilação Mecânica”, organizado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), para padronização de como realizar a ventilação mecânica nas diversas doenças pulmonares em nosso país, de acordo com as orientações dos profissionais especializados e dos trabalhos publicados nas melhores revistas do mundo nesta área.

 

“Esta padronização foi de extrema importância para todos os profissionais de UTI e, em especial, para os cuidados aos pacientes que são submetidos à ventilação pulmonar mecânica”, afirmou.

 

Embora fundamental para o tratamento, a ventilação mecânica, por ser artificial, pode causar complicações aos pacientes, especialmente quando aplicada por muito tempo e em pacientes com agitação psicomotora e em portadores de delirium, os quais muitas vezes necessitam de drogas sedativas para tolerar a ventilação artificial.

 

Além disso, esses pacientes estão mais susceptíveis a ter pneumonia associada à ventilação mecânica, fraquezas musculares quando não adequadamente reabilitados e/ou submetidos à mobilização precoce.

 

Por outro lado, o “desmame” ou retirada precoce do ventilador mecânico pode estar associado à necessidade de reintubação e, com isso, ocorrer um aumento das taxas de infecção e mortalidade.

 

Por isso, um dos momentos mais complexos no procedimento de ventilação mecânica é justamente identificar se o paciente é elegível ou não para o “desmame”, processo de transição da ventilação artificial para a ventilação espontânea, em pacientes que permanecem em ventilação mecânica invasiva por um tempo superior a 24 horas.

 

“Nem sempre um paciente em ventilação mecânica que apresenta melhora clínica — oxigenação adequada e estabilidade hemodinâmica — está apto ao processo de desmame. Para isso, algumas estratégias devem ser implantadas nas UTIs, como os protocolos de desmame conduzidos pelas equipes de Fisioterapia Respiratória e as ‘Recomendações’ que foram publicadas na Revista Brasileira de Terapia Intensiva e Jornal Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia, que também abordam esse item tão importante”.

 

A especialista reforça que a retirada do aparelho deve ser gradativa e com o constante acompanhamento da equipe intensivista, que regula periodicamente o ventilador pulmonar para adequá-lo à necessidade respiratória do paciente.

 

Dra. Carmen Barbas será uma das palestrantes no evento VIII ISICEM – LA (International Symposium on Intensive Care and Emergency Medicine for Latin America), capítulo latino-americano do tradicional evento anual realizado em Bruxelas – considerado um dos melhores simpósios de terapia intensiva do mundo. O encontro será de 17 a 20 de junho, no Hotel Transamérica, em São Paulo.

Fonte: Teca Pereira/ Dra. Carmen Valente Barbas

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