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Idosos diante dos riscos da obesidade e da desnutrição

Obesidade: no Brasil, a estimativa é de que 19% da população sofram com a doença — Foto: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2f/Ile_maurice_1357a.jpg

Além de um novo olhar sobre o controle do diabetes em idosos, outra discussão importante do III Simpósio de Endocrinologia Geriátrica foi a preocupação com dois quadros extremos na saúde dos mais velhos: a obesidade e a desnutrição. A endocrinologista Ana Carolina Nader Vasconcelos Messias, coordenadora do ambulatório de obesidade e cirurgia bariátrica do Hospital Federal dos Servidores do Estado-RJ, alertou para o risco aumentado de mortalidade que acompanha os obesos. “Trata-se de uma epidemia global: em 2016, havia 1.9 bilhão de pessoas acima dos 18 anos com sobrepeso, sendo que 650 milhões eram obesas”, afirmou. No Brasil, a estimativa é de que 19% estejam obesos.
Muitos medicamentos facilitam o aumento de peso: corticosteroides, anti-hipertensivos, anticonvulsivantes (que servem para estabilizar o humor), antidepressivos e antipsicóticos. É o que a endocrinologista chamou de “polifarmácia obesogênica”, ou seja, remédios que contribuem para o ganho de quilos extras. O caminho inverso demanda disciplina e acompanhamento médico. “É importante revisar a prescrição do paciente, incluir atividade física rotineira e mudança de dieta, já que idosos tendem a consumir carboidratos e uma quantidade menor de proteínas. Há necessidade de uma verdadeira mudança de comportamento”, explicou.

Já a nutricionista Nara Lopes, mestre em nutrição clínica pela UFRJ, abordou situações que levam o indivíduo a apresentar um quadro de déficit nutricional: doenças crônicas, dietas restritivas, depressão, medicamentos, infecções recorrentes. “Elas prejudicam a imunidade, predispõem o paciente a infecções e reduzem a capacidade do corpo de se recuperar. A fraqueza muscular e a imobilidade também representam um risco aumentado para quedas. Tudo isso leva a um número maior de internações hospitalares e ao aumento do tempo dessa internação”, analisou.
Disfagia, a dificuldade na sequência de movimentos da boca até o estômago ao engolir o alimento, e desnutrição são condições clínicas frequentemente associadas: idosos, pacientes que tiveram AVC (acidente vascular cerebral), portadores de doenças neurodegenerativas ou câncer, em especial de cabeça e pescoço, acabam se alimentando mal. A nutricionista explicou que a indicação de terapia nutricional se dá quando a pessoa consome menos que 60% das suas necessidades calóricas. A perda de peso – mais de 5% em três meses ou 10% em seis meses – se torna evidente e ela recomenda que os suplementos sejam administrados em pequenas doses e em horários definidos, de preferência entre as refeições, para que não provoquem a sensação de saciedade.

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