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Longevidade feminina não está livre de doenças

Elissa Elper: PhD da Universidade da Califórnia — Foto: Divulgação

Depois da menopausa, mulheres ficam menos protegidas e têm que redobrar o cuidado com a saúde,

A Sociedade Norte-Americana de Menopausa (NAMS) realizou seu encontro anual na semana passada, em San Diego, na Califórnia, e teve como pano de fundo a pergunta: por que as mulheres vivem mais que os homens? Há respostas antigas e outras recentes. Comportamentos nocivos, como tabagismo e maior consumo de álcool, têm representado uma desvantagem para os homens, mas não esgotam a questão.

Assim como a função positiva do estrogênio, que protege o coração feminino por um período mais longo. Na busca por respostas, pesquisadores direcionaram sua atenção para o envelhecimento celular.

Uma das diferenças biológicas entre os sexos é que as mulheres têm telômeros mais longos – são sequências repetitivas de DNA que existem nas extremidades dos cromossomos e os protegem do desgaste, tema já abordado nesse blog. Segundo a doutora Elissa Epel, PhD da Universidade da Califórnia, os telômeros mais longos estão relacionados a um menor risco de doença cardiovascular e ao aumento da expectativa de vida.

Ela é coautora, ao lado da bióloga Elizabeth Blackburn, do livro “The Telomere Effect: a revolutionary approach to living younger, healthier, longer” (“O efeito telômero: uma abordagem revolucionária para ser mais jovem e saudável por mais tempo”).

Além da necessidade de manter uma dieta equilibrada e fazer exercícios, as duas alertam para o perigo do estresse, capaz de levar ao “encurtamento” dos telômeros.

No entanto, depois da menopausa, as mulheres estão menos protegidas e têm que redobrar o cuidado com sua saúde. Acima dos 45 anos, 48% delas desenvolverão demência, Parkinson ou sofrerão um AVC, enquanto, entre os homens, o percentual é de 36% a partir da mesma faixa etária.

A médica JoAnn Pinkerton, diretora-executiva da Sociedade Norte-Americana de Menopausa, declarou: “embora a Doença de Alzheimer esteja se tornando prevalente como resultado do envelhecimento da população mundial, a preocupação é maior em relação às mulheres depois da menopausa”.

A ciência trabalha para descobrir biomarcadores para um prognóstico precoce do desenvolvimento a doença, uma vez que os sintomas surgem normalmente 20 anos depois da menopausa.

Além disso, estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Georgetown, em Washington, e da Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais, demonstra que a deficiência em estrogênio pode levar a um quadro de ansiedade e perda de memória.

Um outro aspecto relevante diz respeito ao diabetes tipo 2: pesquisa apresentada pela associação europeia para o estudo da doença mostra que os primeiros sinais podem ser identificados 20 anos antes do diagnóstico.

Num quadro de pré-diabetes, as mulheres têm indicadores piores que os homens, como pressão arterial mais alta e diferenças mais adversas nas taxas de colesterol e triglicerídeos, de acordo com o resultado de levantamentofeito pelas universidades de Maastricht e Oxford.

Considerando que o diabetes também está associado a um risco elevado para osteoartrite, artrite reumatoide e osteoporose, investir num estilo de vida saudável é imprescindível.

Aproveito para repetir os conselhos das doutoras Elissa e Elizabeth:

1) Dormir no mínimo sete horas toda noite.

2) Exercitar-se lembrando que, quanto maior o estresse, mais relevante é o papel do exercício.

3) Diminuir o consumo de açúcar – em 2014, um estudo feito com 5 mil americanos que tomavam mais de meio litro de refrigerante por dia mostrou que eles tinham 4,6 anos a mais de idade biológica.

4) Adotar dieta rica em ômega 3, grãos, verduras e frutas, descartando alimentos processados e refrigerantes.

 

Mariza Tavares

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