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Agronegócio o desafio do futuro está na porta , diz Xico Graziano

Desafios do futuro batem à porta do agronegócio, diz Xico Graziano

Esse foi o título de instigante debate promovido pela Fundação FHC nesta 3ª feira (24.abr.2018). Zander Navarro, notório pesquisador da Embrapa, desenhou inicialmente esse “admirável mundo rural” que surge país afora. O novo padrão de acumulação no campo carrega, segundo ele, um tremendo desafio político: como enfrentar o dilema da exclusão tecnológica.

Garantir a segurança alimentar não significa, obrigatoriamente, manter a mesma estrutura fundiária do passado.

O conceituado Pedro de Camargo Neto ressaltou que a competição tecnológica não acontece mais somente entre os fazendeiros brasileiros: com a globalização, precisamos agora também ser melhores que nossos vizinhos além-fronteiras. Eles podem vencer no campeonato da produtividade e tomar os nossos mercados. E destruir nossos empregos.

Marcos Yank, o mais brilhante agrônomo de sua geração, detalhou os ditames da agenda global na competição do agro. E foi taxativo: nós não podemos viver das glórias do passado. Basta ver, conforme indicou, a revolução produtiva que ocorre na Ásia, a começar pela China. Precisamos deixar de ser caipiras.

Por fim, José Tomé causou sensação ao mostrar como anda evoluindo o mundo das startups, essas incríveis empresas “rebeldes” do agronegócio digital. Desrupções estão arrebentando velhas formas de pensar e de gerir o agronegócio. E alertou: “O ecossistema de agritech está ainda na infância”!

Conclusão: assim como nos demais setores da economia, a agropecuária está superpressionada nesta era de rápidas mudanças decorrentes do avanço tecnológico. Nada mais será o mesmo na roça. E quem não conseguir evoluir, reinventar-se, perderá seu lugar na produção.

Como, entretanto, conseguir vencer tais desafios competitivos? Ninguém sabe ao certo a resposta. Há um consenso: ao poder público cabem novas tarefas, distintas daquelas que o fizeram protagonista na época da modernização capitalista dos anos 1990.

Nesse contexto, sobre a função do Estado, pergunta-se: qual o papel atual da Embrapa?

Como fica a defesa sanitária do Ministério da Agricultura? E as faculdades de ciências agrárias, devem focar aonde?

Às vésperas do pleito eleitoral, contrapõe-se à complexidade dessas questões a simplicidade, para não dizer mesmice, do debate político nacional. Existe uma alienação total da política para com o futuro do país. Continuando assim, perdidos em discussões ridículas e polarizadas que não levam a nada, periga os políticos demonstrarem que são irrelevantes para a Nação. Seria uma tragédia para a nossa democracia. Mas pode acontecer.

Não apenas na porta do agricultor bate o futuro. Ele está socando por inteiro na sociedade. E se esta permanecer atordoada, acomodada, paralisada, perdida nesse lamaçal podre da política, perderemos todos o bonde da história.

Hora de reagir.

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