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Custo de transporte de grãos sobe até 50% com tabela do frete, diz Abiove

Aumento, frete, transporte de gãos

A fixação de preço mínimo do frete rodoviário aumentou o custo de transportes de grãos de 30% a 50%, segundo estudo encomendado pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Em 2017, as supersafras de milho e soja puxaram alta de 13% no resultado do PIB (Produto Interno Bruto) agropecuário no Brasil. A produção cresceu 55,2% e 19,4%, respectivamente.

Para este ano, a expectativa, segundo a Conab, é que a produção brasileira de grãos atinja 228,6 milhões de toneladas. Queda de 3,8% em comparação com a safra anterior, que registrou recorde de 237,7 milhões de toneladas.

Segundo a Abiove, a dificuldade de escoar a produção é maior para pequenos produtores rurais e os mais distantes dos portos. “Pode ser um desenvolvimento fatal, pois pode inviabilizar a venda do seu produto ou pelo menos ter impacto muito significativos sobre sua renda”, diz o estudo.

IMPACTO NAS EXPORTAÇÕES
A medida também afeta as exportações. Segundo estudo (íntegra) do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP (Universidade de São Paulo), a alta de custo com o frete para empresas exportadoras pode chegar a R$ 25 bilhões.

Considerando as mesmas quantidades exportadas em 2017, o transporte da soja, principal produto das exportações brasileira, teria aumento de R$ 13,8 bilhões. O milho, por sua vez, teria aumento de R$ 7,3 bilhões.

Por conta da alta do frete, a Anec (Associação Nacional de Exportadores de Cereais) reduziu a estimativa de exportação de milho para 20 milhões de toneladas, ante 32 milhões projetados anteriormente. A diferença representa uma perda de US$ 1,8 bilhão.

O diretor geral da associação, Sérgio Mendes, afirma que não é possível que as empresas repassem os aumentos do transporte, pois os preços dos produtos são regulamentados pela bolsa de valores.

As incertezas em relação aos custos dos transportes também prejudicam a negociação da próxima safra de grãos. “Imprevisibilidade é algo inadmissível no setor de grãos. Para commodities com valor unitário baixo como o milho, é impraticável”, afirmou.

Os produtores também enfrentam dificuldades para vender a safra 2018/2019 de soja. Segundo a Aprosoja Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), apenas 20% da produção foi negociada. A expectativa era que 50% tivesse sido comercializada.

Para o economista e ex-conselheiro do Cade, César Mattos, os reflexos podem aparecer na balança comercial. “É possível”, porque no final das contas isso é custo Brasil.

É mais um desses elementos que temos a rodo no país e prejudicam a capacidade do brasil de agarrar essas oportunidades que aparecem, disse em entrevista ao Poder360.

Para Mattos, a medida resultará ainda no aumento da inflação que é “como sempre se ajustam as coisas em economias que não respeitam sua restrição fiscal”.

Segundo o estudo da Abiove, a expectativa é de alta de 0,92 ponto percentual na inflação ao consumidor, reduzindo a massa salarial real em R$ 20,7 bilhões.

SEMINÁRIO DEBATE TABELA DO FRETE
Nesta 4ª feira (22.ago), 8 entidades da indústria e do agronegócio discutem os impactos do tabelamento do frete. O Poder360 é um dos parceiros na realização do evento.

O evento teve início a partir das 9h30, na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília. O seminário também será transmitido ao vivo.

MARLLA SABINO, ANNA RUSSI e LUDMYLLA ROCHA

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