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Erva-mate de São Mateus do Sul está na lista de produtos protegidos no acordo entre Mercosul e União Europeia

Erva-mate produzida na região de São Mateus do Sul recebeu selo de indicação geográfica em 2017 — Foto: IG-Mathe/Divulgação

A Erva-mate de São Mateus do Sul, na região dos Campos Gerais do Paraná, foi incluída na lista dos 36 produtos brasileiros protegidos no acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

A medida de proteção impede a reprodução de produtos típicos em outras localidades. Por exemplo, o único queijo da Canastra que poderá ser comercializado em países da União Europeia, é o queijo produzido na região da Serra da Canastra, em Minas Gerais.

O mesmo vale para produtos europeus que serão comercializados no Mercosul. O acordo também barra expressões como ‘tipo’, ‘estilo’ e ‘imitação’ na exportação.

Para o presidente da Associação dos Amigos da Erva-Mate de São Mateus (IG-Mathe), Heliton Lugarini, a proteção da erva-mate no acordo valoriza o produto e facilita o acesso a novos mercados.

“Para nós é fundamental que esse reconhecimento seja aceito lá [UE]. A maioria da erva-mate que nós produzimos hoje na região são destinadas para a exportação”, disse.

O texto do acordo ainda deve passar por revisões e depende da aprovação de todos os países envolvidos antes de entrar em vigor.

A região recebeu o selo de indicação geográfica para a produção da erva-mate em 2017. Para conseguirem o selo, os produtores criaram uma associação. O processo para aprovação demorou cerca de dois anos e foi concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

De acordo com a IG-Mathe, cerca de 4 mil produtores estão envolvidos com a erva-mate na região de São Mateus do Sul.

Em 2018, a produção chegou a 116 mil kg de folha. No entanto, nem todo o volume produzido foi vendido com selo de indicação geográfica. A expectativa para a safra deste ano é de crescimento de 22%, segundo a associação.

Ainda de acordo com o presidente da IG-Mathe, a proteção dentro de um acordo representa o resultado dos anos de investimento na região.

“Nós estamos dando uma resposta para aqueles produtores que abraçaram o projeto, que se capacitaram com boas práticas agrícolas. Às indústrias que foram atrás das boas práticas de fabricação, e fazer com que a gente produza, cultive e processe um produto de qualidade”, contou Lugarini.

Produção de erva-mate em São Mateus do Sul segue regras de boas práticas agrícolas — Foto: IG-Mathe/Divulgação

Produção de erva-mate em São Mateus do Sul segue regras de boas práticas agrícolas — Foto: IG-Mathe/Divulgação

Produtores na espera

Não é qualquer erva-mate produzida na região de São Mateus do Sul que recebe o selo de indicação geográfica. Para isso, a produção precisa seguir uma série de regras.

A genética da erva, por exemplo, precisa ser da cidade ou de outros cinco municípios da região: Rio Azul, São João do Triunfo, Antônio Olinto, Mallet e Rebouças. A produção também precisa ser sombreada com mata nativa.

O empresário Alisson Staniszewski cresceu vendo a erva-mate se multiplicar na região. A produção na família dele começou com o bisavô. Hoje são 18 alqueires destinados a erva-mate. Para ele, o acordo é visto como oportunidade.

“Falando como empresário e produtor de erva-mate, acredito ser uma grande oportunidade de reconhecimento do nosso trabalho diferenciado”, disse.

A opinião é divida pelo agrônomo Fenando Toppel. Ele está há mais de três anos no ramo, apesar de a produção de erva-mate estar desde as últimas gerações presente na família. Membro da associação, ele conta que a expectativa é alta pela diferenciação do produto pelas devido às boas práticas agrícolas.

“Com certeza vai alavancar as vendas para a próxima safra. Na questão da visibilidade, vai facilitar expor um produto valorizado. É uma porta para mais um mercado, a expectativa é boa”, relata o agrônomo.

Erva-mate que recebe o selo é separada para a produção — Foto: IG-Mathe/Divulgação

Erva-mate que recebe o selo é separada para a produção — Foto: IG-Mathe/Divulgação

Acordo com a União Europeia

A Comissão Europeia informou que 220 produtos do Mercosul foram protegidos pelo acordo. Por outro lado, o Ministério das Relações Exteriores disse que 335 indicações geográficas europeias serão reconhecidas pelo bloco.

Dos 36 produtos brasileiros protegidos, seis são paranaenses, sendo eles:

  • Café de Norte Pioneiro do Paraná
  • Erva-Mate de São Mateus do Sul
  • Goiaba de Carlópolis
  • Mel de Ortigueira
  • Mel do Oeste do Paraná
  • Uvas de Marialva
Para receber selo de indicação, produção precisa seguir uma série de regras, como estar envolta de mata nativa — Foto: IG-Mathe/Divulgação

Para receber selo de indicação, produção precisa seguir uma série de regras, como estar envolta de mata nativa — Foto: IG-Mathe/Divulgação

G1

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