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Pupunha ganhou espaço no Vale do Ribeira

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A pupunha, típica da Floresta Amazônica peruana, está ganhando cada vez mais espaço no Vale do Ribeira, Sul de São Paulo.
A planta se adaptou bem ao clima quente e úmido que impera o ano todo na região, formada por 17 cidades que margeiam o rio Ribeira Iguape.

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Desde 2008, a área plantada saltou de 2,1 mil para 7,5 mil hectares. E o interesse do agricultor não vem à toa: a pupunha é mais barata de produzir e gera uma renda maior do que as tradicionais culturas da região.

A banana ainda é a principal atividade no vale, especialmente nas áreas próximas ao rio, onde a terra é mais fértil. Mas, nas encostas, já tem gente trocando de lavoura.

Toda a cadeia do cultivo da pupunha emprega algo em torno de 10 mil pessoas, considerando funcionários contratados e temporários. Por causa dela, ao menos 40 agroindústrias se instalaram na região.

Custo mais baixo

O agricultor Izidoro Nakazawa substituiu quatro hectares do seu bananal nos últimos quatro anos. Ele vinha enfrentando dificuldades com a plantação da fruta e acabou fazendo uma dívida de R$ 150 mil.

Segundo ele, o custo para plantar cada hectare de banana é de cerca de R$ 15 mil por ano e o retorno bruto fica em R$ 17 mil, quando vem. “Tem vez que tenho que tirar do bolso”, conta.

O lucro por hectare de pupunha gira em torno de R$ 10 mil a R$ 15 mil por ano, segundo a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati).

“A pupunha a gente não perde, não estraga. É uma cultura mais tranquila, você consegue fazer uma programação”, diz Ivone, mulher de Izidoro.

O plano dos dois não é eliminar toda a banana, mas tornar a pupunha a principal cultura no futuro.

Touceira de banana

A pupunha dá como uma touceira de banana. E, depois de cortada, a planta brota novamente, ao contrário de outras palmeiras. Uma mesma cultura pode produzir por mais de 20 anos.

O corte é feito quando a planta tem de 1,5 a 2 anos, porque, depois de certo tempo, ela passa a produzir madeira, e não palmito.

As plantas de pupunha foram introduzidas na estação experimental de Pariquera-Açu, onde hoje funciona a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta).

A produtividade cresceu logo nos primeiros ensaios com adubação: saltou de 700 kg para 1,2 mil kg de palmito por hectare plantado.

Mudas de Rondônia

De olho no potencial do Vale do Ribeira para a produção de pupunha, o agrônomo Márcio Franchetti, que já trabalhava com a planta no Paraná, deixou de ser funcionário público na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) para fazer mudas na região.

Seu viveiro, em Eldorado, coloca no mercado aproximadamente 1,5 milhão de mudas por ano. As estufas somam uma área coberta de 7,5 mil metros quadrados. Só na estrutura, ele investiu R$ 1 milhão.

As mudas são produzidas a partir de sementes vindas de Rondônia porque a região da Mata Atlântica não se mostrou um bom lugar para o desenvolvimento delas.

A produção por sementes exige mais atenção e rigor no processo de seleção porque a variabilidade genética das plantas é grande.
Além disso, é preciso descartar aquelas que têm espinhos – cerca de 10% –, que não são aceitas pelos produtores porque complicam o manejo.

Os investimentos no cultivo fizeram a pupunha ganhar um papel de peso na economia da região.

“Estimamos o investimento entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões por ano. Para a região, que é uma das mais pobres do estado de São Paulo, é um valor bastante significativo”, diz o agrônomo Felipe Kiyohara, presidente da Associação dos Produtores de Pupunha do Vale do Ribeira (Apuvale).

GR

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