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O mentirômetro

É interessante, mas eu li em 1984 quando ainda morava em São Paulo, lá em São Carlos, mas que livro é atual, é. George Orwell só errou mesmo foi na data, o resto, ele acertou. A época em que tudo será controlado, o que, aliás, já começou.

Abram os olhos por que tudo hoje é controlado, até as fofocas. Beber nem pensar.

Eu por exemplo, já deixei esta mania faz anos, pois os bafômetros de hoje captam até o cheiro do hálito do motorista e de longe, de forma que o meu conselho aos cidadãos é não beber, a não ser água, por que a cruzada contra o álcool já começou, como já aconteceu à cruzada contra os cigarros.

Ninguém fuma mais e se fumar é lá na casa da gansa, na chuva.

Bem, o meu medo não é este, por que afinal de contas beber ou fumar é mole de deixar, mas é o hábito de mentir, que eufemisticamente é chamado de aumentar, que já nos acompanha desde os tempos da Grécia antiga?

Êta povo mentiroso não? Vão mentir assim lá nos quintos. Só que, lá eles chamavam de mito, que são mentiras tão boas que viraram ciência. Mitologia.

A minha pergunta é: e se esse povo aí inventar o tal de mentirômetro?

Como é que eu vou frequentar a esquina do pm, não sei por que, aquela lá no Shopping Boulevard?

Como é que eu vou falar das minhas super-qualidades, das minhas bravatas, da minha Phoenix saindo das cinzas e alguém comentar: – Você está mentindo!

O mentirômetro indicou que isto é mentira! Não é Phoenix não, é apenas um filhote de codorna, meio cabisbaixo, tadinho!

– Êpa? Mas este mentirômetro é da China!

– Não é não. É Sony! Bom! É…, a coisa vai ser preta! Vão mudar todos os paradigmas. Tudo! Por que viver sem fumar, tudo bem. Fazer o quê, né?

Viver sobriamente é duro, mas a gente até suporta né, mas viver sem aumentar, com tudo exato, ai vai ser uma merda né, me desculpem este termo tão chulo, mas como é que a gente vai viver com todo mundo falando a verdade, já que a maioria das coisas que a gente ouve é tudo mentira?

Por quê? Ora, verdade não tem graça! Por exemplo, religião: é uma mentirada danada, mas a gente finge que acredita e assim vai, né? Fazer o quê?

Por exemplo, dizem que o mundo foi feito em seis dias. Mas como, se os dias só apareceram depois do mundo ser feito?

Ciência. Tem chute que não acaba mais! E todo mundo acredita. Medicina. É mentira que não acaba mais! Todo mundo vendendo a sua.

Política. Misericórdia! Já pensou político falando a verdade?

Futebol. Nossa Senhora! A copa da França? Se lembram? Sei não?

Educação. Bem…., depois a gente conversa melhor, não é? Qualidade de ensino. Assim, de repente? Seria preciso analisar mais!

E a verdade? É tão rara que nem Jesus falou sobre ela. Preferiu calar. – Você bebeu cidadão? – Eu não, seu guarda!

-TRIMMMMMMMM!

Verbas públicas: Não é não, é sobra de campanha!

-TRIMMMMMM!

Êpa, o metirômetro registrou que isto é uma mentira! Meu Deus!

Vocês já pensaram se alguém inventasse um mentirômetro? Sei não. Já pensou viver sob a égide da verdade? Misericórdia! Pode? Mas será que alguém faria esta maldade, meu pai? Crêm Deus Padre!

Fonte: Prof. Carlos Novaes. carlospdenovaes@gmail.com

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