Certa leva de homens também são imperfeitos na prática Maçônica. A perfeição deve ser uma busca constante.
O meu objetivo é contribuir para o conhecimento e a prática dessa milenar Instituição. Mesmo porque sua vocação é o bem estar da humanidade.
A Maçonaria, conforme a sua Constituição no seu artigo 1º a define da seguinte forma: “A Maçonaria é uma instituição essencialmente caritativa e filantrópica, filosófica e progressista, que tem por objetivo a busca pela verdade, o estudo e a prática da moral e da solidariedade, trabalhando pelo aperfeiçoamento intelectual e social da humanidade”.
A Maçonaria pode se dividir, circunstancialmente, em sete períodos históricos.
1º – O período da mais remota antiguidade, desde quando o homem, emergido das cavernas, precisou unir-se ao seu semelhante, com a finalidade de auxílio mútuo, de combater o despotismo, o egoísmo e a tirania dos dominadores.
Surgiu também da grande necessidade da união e associação entre os homens primitivos, “há vários milhares de anos ou, mesmo como se supõe, no Egito há cerca de 10 mil anos.”
O que é certo, é que a Instituição, – dois mil anos antes do Rei Salomão – tomou forma regular e, depois de muitos anos, é que se consolidou, chegando a ter, em vários países, como aqui no Brasil, personalidade jurídica.
Tais relatos provocaram uma pergunta: Seria possível representar essa origem?
A resposta veio com Manuel Arão que disse: “Fixai uma data à civilização, às ideias de liberdade, aos primeiros anseios do homem pelas reivindicações de sua consciência, pelos fundamentos de seu altruísmo, pela base de sua evolução espiritual – e aí achareis coexistindo esse traço luminoso de luz que inspirou os primeiros iniciados e fixou os primitivos balbucios da liberdade humana, no que ele possui de mais precioso e intangível…”
“A primeira instituição civilizadora foi a dos magos, na Pérsia, onde caldeus e hebreus fundaram uma instituição cujo objetivo era conservar as tradições intelectuais e formar um corpo religioso para conter os impulsos bestiais dos homens.”
“Foram os magos os construtores da civilização egípcia… Chega, finalmente, aos essênios, que marcam a decadência romana e de onde surge a figura excelsa de Jesus, com a palavra divina que ia fustigar o apodrecido sacerdócio do seu tempo e ia lançar, pelo exemplo, pelo perdão, pela misericórdia e pelo altruísmo, as bases e os fundamentos de um novo mundo”.
2º – Desde a mais remota antiguidade, quando tiveram início às primeiras sociedades organizadas, à construção do templo de Salomão, 10 séculos antes de Cristo.
3º – Da construção do templo de Salomão à Ordem dos Essênios, Budistas, etc. A Ordem dos Essênios foi a mais rigorosa, cujos mistérios se opunham à idolatria e estabeleciam a benevolência, a filantropia e o amor à pátria.
Os iniciados nestes mistérios viviam como irmãos, e para a iniciação as dificuldades impostas eram enormes, os candidatos eram obrigados a uma experiência de três anos.
Antes de serem admitidos prestavam juramento de servir a Deus, amar e proteger os bons e guardar cautelosamente os segredos da Ordem.
Acreditavam os essênios na unidade de Deus, na imortalidade da alma e numa vida futura, supõe-se que foi nessa Ordem que Jesus se iniciou.
4º – Da Ordem dos Essênios ao estabelecimento e consequências das Cruzadas, isto é, desde o 1º. A.D. até 1906 A.D. ou até 1221 A. D.
O objetivo dessas cruzadas, que foram em número de quatro, era defender o Santo Sepulcro. Na primeira, sob o comando de Godofredo de Bouillon, vencedor depois de três anos de sangrenta luta, com a perda, segundo relato histórico de quase 100.000 expedicionários.
Com a vitória lhe foi oferecida a coroa de ouro de Jerusalém. Godofredo recusou a coroa, dizendo que não receberia uma coroa de ouro onde Cristo recebeu uma coroa de espinhos.
Esta Cruzada deu origem à militarização dos Hospitaleiros de São João de Jerusalém (1100) e à criação da Ordem dos Templários (1118), cujos membros se distinguiram, na Palestina, por atos de bravura. Essas corporações constituíam as milícias de Jerusalém e se destinavam a combater os infiéis e a proteger os peregrinos.
5º – Das Cruzadas à transformação da Ordem dos Templários em Templo Maçônico e, também, a criação do Jesuitismo, (de 118 A.D. ao século XVI), quando o infame traidor Inácio de Loyola, desligando-se e traindo miseravelmente os Templários, fundou a Companhia de Jesus, Companhia esta que de Jesus só tem o nome.
6º – Do fim da Ordem dos Templários (século XVI) À Revolução Francesa de 14 de julho de 1789, de cujo movimento libertador dos povos surgiu o grande lema da Maçonaria – Liberdade, Igualdade e Fraternidade e também a Declaração dos Direitos do Homem. Grande vitória da Maçonaria.
7º Como marco na Revolução Francesa chegamos aos dias atuais.
E assim podemos indagar: Qual a doutrina política da Maçonaria?
Mais uma vez volta a Manuel Arão. “A Maçonaria põe o ideal acima do homem, põe a humanidade acima do indivíduo…”.
Ela, como escola de sabedoria, diz a cada um: “O homem não se pertence, nem pertence aos grupos, nem aos partidos, nem, em última análise, à pátria. Ele pertence à humanidade, cujo progresso uniforme e coletivo é o seu próprio e sua suprema razão, no drama da criação”.
“Daí, podemos afirmar que os dois fatos máximos dos últimos tempos: a queda da Bastilha e a queda da Inquisição.” “No primeiro, proclamaram-se os di8reitos do homem, sonegados pela tirania secular; no outro se proclamou a liberdade de consciência, que vegetara no recuo de três séculos de dor e de morte, sob o inominável despotismo dos “autos de fé”.”
Em nosso país a Maçonaria também se destaca na luta pela independência, pela abolição da escravidão e pela proclamação da República.
A genuína filosofia Maçônica tem o mesmo princípio que na política, visa à universalidade, na filosofia, ela procede pela exclusividade dos dogmas. A sua verdade absoluta é Deus.
Podemos perguntar diante dessa afirmativa: Como se explica a tolerância em matéria de filosofia e fé?
Vejamos, os diversos credos religiosos alegam, em regra, que, constituindo a verdade integral, sendo os únicos depositários desta, não podem ter tolerância com o que está fora do seu dogma.
Sendo assim cabe outra pergunta: qual o critério Maçônico?
É a norma puramente científica. A ciência, como o verdadeiro sábio, acolhe toda demonstração nova, nada rejeita que a razão possa acolher, nada condena que seja possível de estabelecer um novo aspecto da lei já conhecida. Quem assim não procede, não merece o nome de sábio.
Isso também gera outra pergunta: Como os Maçons podem ser livres no seu credo religioso?
Podem sim, desde que, individualmente, como Maçons, se obriguem a nada ensinar nem pregar que seja contrário aos princípios da Ordem, – do bem, da verdade, da justiça e da razão.
Não é a Ordem que se adapta à crença de cada um, respeitando-a sem adotá-la, é sim, o homem que se adapta aos intuitos gerais da Ordem, integralizando-se nesta e sendo com esta um só corpo e uma só ação.
Diante dessas posições qual a moral Maçônica?
O autor do livro “A Legenda e a História na Maçonaria” diz: “Como política, a Maçonaria é uma fraternidade além das fronteiras e, como filosofia, é uma escola de sabedoria e de fé. A ideia mater que a guia é o altruísmo. Pelo sacrifício do próprio indivíduo, educando-o para o altruísmo, em todos os departamentos de sua vida psíquica, a Maçonaria dirige-se para o grande alvo da paz social de que os preceitos positivamente morais de sua ação se apoiam nesta tríplice modalidade de processo que se penetra e se completa, como vimos, nos preceitos de ordem política e filosófica: solidariedade, trabalho e assistência.”
“Da cada erro um mal nos resulta, como de cada bem uma recompensa o que é estímulo para o bem. De modo que a noção do bem e do mal fica circunscrita a nós próprios: o mal que praticamos e o bem que exercemos, não o fazemos senão a nós mesmos, quando julgamos fazer aos outros”.
Penso está no caminho do aprendizado.
Estudo/Carlos Lima