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Os sons gravados pela sonda Cassini entre os anéis de Saturno deixaram os cientistas perplexos

Saturno

Um ruído de estática quase inaudível, como o de uma TV sem sinal no fundo de um corredor – e, no fim da gravação, um pequeno silvo.

Foi isso o que a sonda Cassini, Nasa (agência espacial americana) “ouviu” em 26 de abril, quando mergulhou a milhares de quilômetros por hora no espaço entre Saturno e seu anel mais próximo, na primeira de 22 manobras do tipo.

Essa imersão marcou o início do grand finale da missão iniciada em 1997 e que culminará com um a destruição da Cassini na atmosfera do planeta, em meados de setembro.

A ausência de sons mais fortes deixou os cientistas perplexos porque isso significa que a zona, pela primeira vez visitada por um veículo terráqueo, está relativamente livre de partículas.

Antes do início dos mergulhos, a equipe da Nasa a cargo da missão temia que impactos com partículas pudessem avariar seriamente ou até destruir a nave. Em relação a Saturno, a Cassino pode atingir até 110.000 km por hora, e qualquer colisão com objetos pequenos poderia ter consequências graves.

Para se ter uma ideia da preocupação dos cientistas, a Cassini fez o mergulho de abril usando sua antena parabólica à frente, como uma espécie de escudo. E a visita ao chamado “fosso” de Saturno foi planejada para os últimos meses da missão.

‘Desconcertante’
“A região entre os anéis e Saturno é, aparentemente, um grande vazio”, conta Earl Maize, diretor da missão.

William Kurth, que coordena a equipe a cargo de um dos equipamentos de “escuta” da Cassini, descreveu a gravação como “desconcertante”.

“Ouvi os dados da primeira imersão várias vezes e, provavelmente, posso contar nos dedos das mãos o número de partículas que ouço”, assegurou Kurth.

Os cientistas só não sabem dizer o porquê desse grande vazio.

Sem escudo

Os sons detectados pela sonda, que na verdade são ondas de rádio e plasma convertidas em som, correspondem a partículas microscópicas – seu diâmetro estimado é de um mícron (um milionésimo de milímetro).

E a descoberta é também um alívio para cientistas: a quantidade e o tamanho reduzido das partículas significam que a sonda não precisará mais usar a antena como o estudo – e que poderá deixá-la apontada para a Terra, evitando a perda de contato com a base, como na última manobra, e abrindo a oportunidade para outras medições.

Um dia em Saturno

Durante sua segunda manobra de imersão, realizada na terça-feira, a Cassini usou outro instrumento para analisar as partículas que compõem os anéis.

Este instrumento detectou partículas menores que as detectadas pelas ondas de rádio na primeira manobra. Houve ainda medições magnéticas que ajudarão a determinar a duração de um dia em Saturno.

Isso até agora era uma mistério, pois as nuvens que cobrem o planeta não permitem ver a que velocidade ele gira sobre seu eixo.

A Cassini está orbitando Saturno desde 2014.

BBC

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