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Mercado de cinema de animação cresce no Brasil

Um feixe de luz multicolorida invadiu as salas escuras de projeção de cinema do Brasil. Janeiro nem terminou e dois longas brasileiros de animação agitam o circuito cinematográfico. Minhocas frequentou os espaços desde a primeira semana do ano. O segundo lançamento (em março no Recife) é O menino e o mundo. Parece pouco, mas indica mudança na trajetória do cinema de animação do Brasil, com histórico de dificuldades e desprezo do público.

O cenário é estimulante para o animador Alê Abreu, 42 anos, lançando o segundo longa da carreira desde O garoto cósmico (2007). “Quando tinha 12 anos, entrei num curso de animação no Museu da Imagem e do Som (MIS). O que existia de autores dava para contar nos dedos da mão. Foi criado o Anima Mundi (festival dedicado à animação), uma vitrine para estimular artistas. Depois, houve a criação da Associação Brasileira de Animação (ABCA), que nos deu forças para lutar por políticas públicas de fomento à produção”, relembra.

Segundo registro da Associação Brasileira de Animação, na década de 1990 inteira, o Brasil produziu 216 filmes e, no primeiro ano do Anima Mundi, em 1993, se inscreveram 30 títulos. Entre 2000 e 2004, foi registrada a produção de 373 filmes. O responsável pelo aumento do volume de produção é o barateamento das tecnologias digitais. “Era muito caro produzir um filme desenhado quadro a quadro.

Era necessário uma equipe de desenhistas, arranjar dinheiro para pagar o acetato das películas etc”, enumera Abreu. Em contrapartida, nos últimos dois anos, foram só quatro lançamentos de longas de animação brasileiros – apesar de ser expressiva a parcela do público interessada no gênero: em 2012, por exemplo, representou 22% dos frequentadores (mesmo com 5% dos títulos do tipo em cartaz).

A técnica de animação super lenta e difícil de ser realizada foi adotada pelo diretor como única maneira de viabilizar a produção. “Os artistas brasileiros não têm acesso à tecnologia de fora. Meu filme custou R$ 10 milhões, enquanto o Frozen – Uma aventura congelante (Disney), teve o orçamento de US$ 150 milhões (e já arrecadou US$ 336 milhões só nos EUA).

Escolhi o quadro a quadro porque poderia produzir com a qualidade de fora, mas com orçamento brasileiro”. Minhocas ocupou, na estreia, 100 salas do circuito e fez 150 mil espectadores. “Quando meus colegas do exterior o assistem, dizem que, se tivesse sido lançado em 400 salas, faria 1 milhão de espectadores”, diz.

 

Fonte: Redação com informações do Correio / Foto: Divulgação

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