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Mostra de cinema de Planaltina (DF) tem inscrições abertas para filmes com perspectiva decolonial e periférica

Inscrições para Mostra de Cinema DF

Estão abertas as inscrições para a terceira edição do Cine Motriz, festival de cinema de Planaltina (DF). O prazo para matrícula de participação vai até o dia 15 de julho e o evento acontece entre os dias 23 e 26 de outubro de 2024, no Complexo Cultural de Planaltina, com entrada gratuita.

Serão selecionadas 18 obras para a Mostra Competitiva do Motriz e até seis filmes para compor as Mostras Paralelas, em que receberão pagamento pela presença e colaboração. A avaliação dos inscritos será realizada por uma comissão curatorial formada por profissionais da área do Cinema e afins.

De acordo com Adriana Gomes, uma das organizadoras do projeto, o Motriz também trabalha o acesso a janelas de exibições de filmes independentes e periféricos produzidos por cineastas brasileiros.

“Essa é um janela de filmes pouco apoiada no cenário do audiovisual no Brasil. O reflexo desse sucesso é o montante de filmes inscritos: mais de 750, em cada uma das duas primeiras edições”, destaca Adriana.

A organizadora também ressalta que o Motriz promove ações paralelas de difusão e acesso a filmes independentes, além de formação de público, com jornada de cineclubes e oficinas de audiovisual nas escolas públicas.

Além da exibição de filmes, outras programações artísticas fazem parte da edição de 2024. O Motriz abrange ações culturais nas linhas de música, literatura, exposição fotográfica, gastronomia e artesanato, além do audiovisual. Também fazem parte da programação do projeto uma jornada de cineclubes nas escolas, oficinas de formação audiovisual e rodas de conversa com temáticas relacionadas à cadeia criativa do audiovisual.

Na primeira edição, o tema foi “Cinema: poéticas e resistências”. Já na segunda, se inspirou na esperança que movimentou a luta anticolonial africana / Foto: Matheus Alves

Cinema decolonial e periférico

O Motriz trabalha, em cada edição, um conceito curatorial para seleção de filmes, que se alinhem às expectativas e princípios do festival.

Além de possibilitar espaço e voz às produções periféricas e às vozes ditas marginalizadas, que buscam incessantemente inventar e reinventar formas de resistir e enfrentar as violências estruturais/coloniais do Brasil e do mundo.

Essa perspectiva está presente em todas as edições, informa Adriana. Ela ressalta que, na primeira edição, foi trabalhado a temática “Cinema: poéticas e resistências”, selecionando filmes que tinham um recorte visionário baseado em histórias narradas e que pudessem contribuir para a reflexão sobre os dias atuais, além de pensar na memória e nas perspectivas de futuro.

“A temática da nossa segunda edição se inspirou na esperança que movimentou a luta anticolonial africana, em especial aos ensinamentos de nosso homenageado do ano, Agostinho Neto. Celebramos um processo em que, tanto a poesia, quanto o cinema estiveram engajados e comprometidos com a descolonização, mobilizando mentes e corações”, explica a organizadora.

Agora, na atual edição, o festival se inspira no conceito de “Escrevivências”, de Conceição Evaristo, em que será valorizado filmes que são vozes potentes contra as opressões de gênero, raça, sexualidade e classe. “São narrativas que desafiam a injustiça e semeiam a transformação social”, disse Adriana.

A visão da mostra, segundo os curadores, é por meio de um cinema combativo e crítico ao modelo vigente de sociedade. “Convidamos todes a celebrar possibilidades de subversão e escrevivências das realidades no Motriz. Que cada filme seja um ato de resistência, cada história uma faísca de transformação e cada pessoa cúmplice na construção de um futuro mais justo e igualitário”, informa a curadoria.

De acordo com o edital, o evento se propõe a ser um espaço de celebração da arte, do registro cinematográfico e da diversidade regional. A terceira edição do Cine Motriz tem, na própria vocação, uma possibilidade de democratização ao acesso da população planaltinense, em particular, e do DF, em geral, à produção brasileira contemporânea de curta-metragem, celebrar raízes culturais e históricas, memórias, encruzilhadas e as identidades que formam o mosaico do Brasil.

“Valorizamos e buscamos fortalecer as tessituras e a riqueza contida nas produções de todas as regiões do país. Ao promover um cinema insubmisso e diverso, reforçamos os processos democráticos e ampliamos o debate sobre as questões urgentes de nossa sociedade”, mostra o documento.

Segundo Adriana Gomes, existem vários desafios encarados pelo projeto que estão relacionados à própria dificuldade de se produzir cinema no Brasil, principalmente com conteúdo desconstrutivo e voltado à temática de crítica social. Isso deve à vários fatores como, por exemplo, escassez de recursos financeiros. “Sendo um projeto cultural que oferece atividades gratuitas para a população e que envolve um grande número de profissionais e serviços, são necessários apoios e incentivos financeiros para a sua execução, apoios estes escassos dentro do cenário do DF e do Brasil”, explicou.

Outra dificuldade está no engajamento para atingir o público, questões de divulgação e envolvimento da população local. A organizadora conta que isso ocorre, particularmente, na cidade de Planaltina, que, apesar de ter um espaço cultural muito importante – o Complexo Cultural de Planaltina – poucos moradores conhecem o espaço ou sabem o que ocorre lá, explica Adriana.

Serão selecionadas 18 obras para a Mostra Competitiva do Motriz e até seis filmes para compor as Mostras Paralelas e receberão pagamento pela presença e colaboração. A avaliação dos inscritos se dará por comissão curatorial formada por profissionais da área do Cinema e afins.

A organização informa que disponibilizará de logística para a vinda presencial de 18 representantes dos filmes selecionados para a Mostra Competitiva, incluindo transporte aéreo, transfer de chegada e retorno entre Brasília e Planaltina, alimentação e hospedagem.

Ainda segundo o regulamento, todas as obras selecionadas receberão um cachê de seleção, no valor de R$ 320,00 para o direito de exibição único na programação do Festival, mediante a emissão de nota fiscal desde que comprovem direitos sobre a respectiva obra audiovisual.

Três curtas-metragens selecionados pelo Júri Técnico Oficial devem receber prêmio no valor de R$ 3.000,00 cada. O curta-metragem mais votado pelo Júri Popular receberá prêmio de R$ 3.000,00.

Podem ser inscritos filmes de curta metragem com duração máxima de 30 minutos, com narrativa ficcional ou não-ficcional (documentário, ficção, experimental, híbrido ou animação), finalizados a partir de janeiro de 2022, que estejam em sintonia com os critérios do Festival. As inscrições podem ser feitas através do formulário do evento.

Júlio Camargo

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