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Agradeço a tudo que Brasil fez por Cuba, diz rapper do Orishas em show em SP

Foto: Divulgação

“Agradeço a tudo o que o Brasil fez por Cuba”, diz Yotuel Romero, um dos integrantes do grupo cubano Orishas, em show no Tropical Butantã (zona oeste de São Paulo) no sábado (13). Ao lado de seus companheiros Roldán González e Ruzzo Medina, ele voltou ao Brasil para uma série de apresentações em cidade como Brasília, Curitiba e Porto Alegre.
Aqui, dizem, sentem-se em casa. “Que nunca ninguém tente nos dividirmos. Somos irmãos, Brasil”, afirma Yotuel. Eles competem pau a pau com Paul McCartney, por exemplo, no número de vezes que já vieram ao país. É a nona vez que os donos de hits como “Represent”, “537 C.U.B.A”, “A lo Cubano”, “Atrevido” e “Mística”.
As apresentações fazem parte da divulgação de “Gourmet” (2018), primeiro álbum de estúdio depois da volta aos palcos em 2017 para a turnê especial Origen.
A mescla de ritmos latinos, como rumba e guaguancó, ao hip-hop segue presente no trabalho dos músicos, que trouxeram a São Paulo canções gravadas no novo disco como “Muévelow”, “Sastre de Tu Amor”, “Donde Nací” e “Havana 1957”.
O show é uma festa, bem animado, com interação com o público e muitas dancinhas durante toda a noite. No bis, ainda brincaram com a plateia que não fazia barulho suficiente. “Acho que eles estão cansados. Toca Beethoven. Agora Mozart. Bach”, dizia Yotuel a Alain, o DJ e tecladista que acompanha o trio.
O Orishas foi formado em Paris em 1999. A censura na ilha de Fidel Castro era brutal, relembra. “Se havia letras que não estavam de acordo com o governo não te deixavam cantar”, diz Yotuel Romero enquanto tomava água, comia mexerica e gengibre no camarim para preparar a voz para o show.
Após grande êxito, o trio se separou em 2009, mas se reuniu novamente sete anos depois. “É uma família. Vimos que a missão não estava finalizada ainda”, afirma ele.
Segundo o líder do grupo caribenho, a intenção era mostrar que ainda são capazes de produzir música de qualidade e superar os hits antigos. “É uma competição com a gente mesmo”, diz.
A discografia conta com “A Lo Cubano” (1999), “Emigrante” (2002), “El Kilo” (2005) e “Cosita Buena” (2008).
Cada integrante desta família vive relativamente longe um do outro. Yotuel está em Miami. Roldán, em Paris, enquanto Ruzzo mora em Pamplona, na Espanha. “É bom assim. Fazemos turnê, shows e cada um vai para sua casa, sem briga”, brinca Roldán.
A boa relação com o Brasil fez com que a banda traçasse planos especiais para 2019, quando completam 20 anos de carreira. Segundo Yotuel, eles devem morar dois ou três meses no Brasil para gravar algumas parcerias para um álbum comemorativo a ser lançado em 2020.
A admiração por artistas brasileiros é grande. Ele cita nomes como Caetano Veloso, Roberto Carlos, Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Djavan, Seu Jorge, Marisa Monte e Marcelo D2. Da nova geração, cita Emicida e o Tropkillaz.
RAP, O NOVO POP
Yotuel observa com bons olhos o momento que o rap vive pelo mundo. Nomes como Kendrick Lamar e Drake atualmente carregam a bandeira do hip-hop pelo mundo com prêmios importantes e grandes shows.
O rap chegou às elites e, para ele, é o novo pop. “É a tendência. A força do rap é porque é uma música que vem da rua, é real, não é fake”, enfatiza. “Não é como o pop que busca uma cara bonita, escreve uma canção, canta assim, dança assim”
Ele vê o rap como um artifício importante para movimentos políticos. “O que estamos vendo hoje em dia nos Estados Unidos é um atraso. Ataques às minorias, gays, negros Se tanta gente critica Bolsonaro e Trump é porque estão vendo um retrocesso.”

Folhapress

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