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Classes A e B reúnem 82% dos frequentadores de museus, diz pesquisa

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Pesquisa do instituto Oi Futuro, da empresa de telecomunicações do mesmo nome, e da consultoria Consumoteca aponta que 82% dos frequentadores de museus brasileiros integram as classes A e B, ou seja, pertencem a famílias que ganham mais de R$ 9.980 mensais.

A maioria das pessoas que disseram que não frequentam museus pertence às classes C (53%), ou seja, integra famílias cujo rendimento médio mensal está entre R$ 4.990 e R$ 9.980. Outros 43% dos não frequentadores são da classe B e tem um rendimento familiar de R$ 9.980 a 19.960 ao mês.

A pesquisa ouviu 600 homens e mulheres de todas as regiões do país. Não foram ouvidas pessoas das classes D e E, ou seja, cujas famílias ganham menos de R$ 4.990 mensais. Metade dos entrevistados frequenta museus pelo menos uma vez ao ano. A outra metade os visita a cada dois anos, podendo ser classificada como não frequentadora habitual.

A partir das respostas obtidas, os pesquisadores identificaram que quem costuma visitar museus mais de uma vez ao ano o faz por se sentir envolvido pelas histórias contadas por meio das exposições. Esse grupo afirma estar a par das constantes mudanças de programação das instituições museológicas.

Já os não frequentadores, na maioria das vezes, afirmam não ter conhecimento de que, além de acervos permanentes, os museus costumam abrigar exposições temporárias ou mostras temáticas que dinamizam a programação. Em parte por este desconhecimento, tendem a considerar os equipamentos monótonos, sem novidades, e a pensar que, uma vez visitados, não há motivos para voltar.

Para os coordenadores da pesquisa, a percepção de 52% dos entrevistados de que museus são locais monótonos (contra apenas 20% que os consideram lugares divertidos) pode ser explicada, em parte, pelo fato de que a maioria dos brasileiros tem o primeiro contato com estes equipamentos ao participar de visitas escolares, principalmente a museus de História.

“A escola tem um papel fundamental para aproximar os estudantes dos museus”, afirmou a museóloga Bruna Cruz, coordenadora da pesquisa, destacando que 55% dos entrevistados responderam que a primeira vez que estiveram em um museu estavam participando de uma atividade escolar.

“Vários entrevistados disseram que, após crescer e deixar a escola, não voltaram a visitar um museu. Vários fatores contribuem para isso, mas a escolarização da experiência de visitar um museu contribui porque reforça a percepção de que eles são espaços elitistas”, explicou a museóloga. Ela destaca ainda que 81% dos entrevistados consideram que museus são prédios históricos, de arquitetura clássica, destinados a oferecer conhecimento sobre determinado assunto (65%) e preservar e comunicar a história de seu próprio acervo (46%). “Os próprios prédios de alguns museus costumam intimidar algumas pessoas. Outra questão decorrente da escolarização é que as visitas dificilmente se repetem.”

Renovação

“Os museus que pensam programações familiares estão pensando no futuro. Assim como os que levam em conta a questão da acessibilidade e da compreensão”, acrescenta a museóloga Bruna Cruz. De acordo com a pesquisa, quase a metade (49%) dos não frequentadores mencionou o fato de não entender o que veem, principalmente em se tratando de exposições de artes plásticas.

“Mais de 90% dos entrevistados declararam que os programas educativos aumentam a vontade de visitar um museu. Em termos da linguagem, as melhores experiências se dão nos museus que estão partindo para promover uma maior participação do público, facilitando a compreensão [do conteúdo exposto]”, disse Bruna, assegurando que até entre frequentadores com ensino superior há quem se queixe da linguagem hermética com que muitas obras costumam ser apresentadas.

“É uma barreira. Da mesma forma que a questão da acessibilidade para as pessoas com qualquer deficiência. No circuito museográfico, a linguagem e a acessibilidade precisam ser levadas em conta o tempo todo, pois o público vem exigindo isso e quando operamos com o modelo universal[para todas as pessoas], temos resultado mais satisfatórios”, ponderou Bruna.

“O ideal é que, além de continuar recebendo grupos no museu, tentemos `desescolarizar´ a experiência da visita e, simultaneamente, trabalhemos programas extramuros indo até as escolas e fazendo ações que demonstrem aos estudantes que eles também produzem conhecimento e que este é importante para a sociedade”, concluiu a coordenadora.

Concorrência

Dos entrevistados, 58% consideram que os museus ainda são locais elitizados e pouco visitados. Perguntados sobre o que gostam de ver nos museus, 52% responderam artefatos antigos, esqueletos e ossadas. Em seguida vieram os quadros e pinturas (46%); esculturas (28%); instalações artísticas (23%); fotografia (17%); videoarte (10%) e performances ao vivo (8%).

Entre os frequentadores, 57% disseram que o preço acessível é uma motivação na hora de escolher o que fazer em momentos de lazer. Destes, 77% preferem passar parte do tempo livre no cinema; 64% em restaurantes e 63% em parques. Os museus são a preferência de 49% dos que disseram visitá-los regularmente. Já os entrevistados que não frequentam museus preferem sair para a casa de amigos (61%); shopping (48%) e cinema (47%). Para estes, o fato de um lugar ser apropriado para se fazer um programa com toda a família é fundamental na hora de escolher uma atividade de lazer.

Ibram

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), há, hoje, 3.793 museus em funcionamento. Em maio, o instituto celebrou a 17ª Semana Nacional de Museus com uma programação nacional. Com o tema `Museus como Núcleos Culturais: o Futuro das Tradições´, o órgão incentivou o debate sobre a realização e o desenvolvimento de projetos e atividades de curta, média e longa duração que considerem os museus como núcleos ou centros culturais. Mais de 1.1 mil instituições culturais programaram 3.222 eventos culturais, como mostras, oficinas, visitas guiadas, debates e apresentações musicais, nas cinco regiões do país.

Agência Brasil

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