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Coleção Mugrabi de Jean-Michel Basquiat

Retrato de Jean-Michel Basquiat exposto no CCBB. Artista morreu de overdose em 1988, aos 27 anos

Está chegando ao fim em São Paulo a mostra gratuita “Jean-Michel Basquiat – obras da coleção Mugrabi”, maior exposição sobre o jovem gênio do neo-expressionismo já realizada na América Latina. O público tem até este sábado (7) para conferir as obras no CCBB São Paulo. Depois disso, ela segue para Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Basquiat viveu apenas até os 27 anos, mas produziu mais de 2 mil obras e, ainda vivo, teve uma carreira meteórica. Chamou atenção de críticos e, aos 21, foi o artista mais novo a expor na Documenta de Kassel, importante mostra de arte contemporânea realizada a cada 5 anos na Alemanha
Ele era negro, de ascendência afro-caribenha – rara exceção entre artistas da época. Seu estilo, contemporâneo à explosão do hip-hop em Nova York, uniu arte e linguagem das ruas exaltando o espírito da cidade nas décadas de 1970 e 1980, além de abordar temáticas importantes, como a representatividade do negro na arte e na sociedade.

Acredite ou não, eu sei desenhar. Mas quase sempre tento lutar contra isso.’ A frase de Basquiat resume bem o motivo do fascínio por suas obras. Os traços que lembram rabiscos infantis preenchem o olhar em quadros ou peças que vão de simples caricaturas de amigos em pratos de porcelana a colagens e pinturas em estruturas com mais de 2 metros de altura.

Basquiat começou rabiscando poemas nas ruas, por isso sua associação direta ao grafite e à pichação. Ele assinava os rabiscos que fazia com o amigo Al Diaz como ‘SAMO’, sigla que inventaram para ‘Same old shit’ (‘Mesma merda de sempre’). A exposição traz fotos que mostram algumas dessas intervenções
A variedade de suportes e materiais usados por Basquiat em suas obras chama atenção. Na mostra, é possível ver bem de perto até onde ia a criatividade do artista, como no exemplo abaixo, em que ele usou até penas na composição. Atenção, no entanto, aos alarmes que disparam quando alguém se aproxima demais das obras.

Um elemento bastante repetido nas obras de Basquiat é o desenho de uma coroa com três pontas. È comum passar a procurar coroas nas peças da mostra – algumas delas estão “escondidas”.

No ano passado, uma pintura de Basquiat quebrou recordes em um leilão. “Sem título” (1982) foi vendida por US$ 110,5 milhões – maior valor já pago pela obra de um artista americano na história, e por qualquer obra produzida no mundo a partir da década de 1980. A mostra inclui peças contemporâneas a essa obra.

Em 1981, ele vendeu seu primeiro quadro para a vocalista da banda Blondie, Debbie Harry, por US$ 200. Debbie inclusive aparece na mostra, em participação no filme ‘Downtown 81’, protagonizado por Basquiat e exibido na íntegra em uma salinha
Atropelado ainda criança, Basquiat ganhou de sua mãe o livro ‘Gray’s Anatomy’, um clássico da medicina com diversas ilustrações do corpo humano. O livro se tornou grande inspiração em suas obras, o que é visto repetidas vezes na mostra. Também originou o nome de sua banda, Gray, que aparece em ‘Downtown 81’.

Uma amizade muito importante na vida e na carreira de Basquiat foi com Andy Warhol, ícone da cultura pop. O impacto da morte de Warhol em 1987 foi grande sobre ele; no ano seguinte Basquiat foi encontrado morto por overdose. Na exposição é possível ver quatro obras que foram fruto dessa parceria
No térreo, uma área interativa com ar de ateliê reúne obras de artistas brasileiros em homenagem a Jean-Michel Basquiat. Entre elas é possível colorir digitalmente telas de OSGEMEOS, Alex Hornest e Rimon Guimarães através do toque em superfícies com as pinturas em alto-relevo.

Fábio Tito

 

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