Tempo - Tutiempo.net

Debate cultura e economia

foto: divulgação

A ideia no Brasil existe há pelo menos 15 anos. No mundo, Margareth Thatcher, ex-primeira ministra britânica, usou a expressão pela primeira vez em 1983.

Anos se passaram e o conceito da “economia criativa”, ainda que mal entendido e mal explicado no Brasil, emerge com força em um momento de instabilidade no setor cultural.

Curiosamente, o Ministério da Cultura (MinC), com os dias contados de acordo com o projeto de fusões do presidente eleito Jair Bolsonaro (que já anunciou querer juntá-lo à pasta de Esportes e Educação), realiza a maior discussão anual nesta semana.

Até o dia 11 de novembro, especialistas do Brasil e de países europeus e outros latino-americanos participam de palestras e rodadas de negócios da semana do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MicBr) em vários endereços de São Paulo.

Com enfoques que vão da moda à música, dos games ao cinema, o meio cultural surge nos debates como um propulsor econômico com potencial de gerar renda e criar emprego.

O tema ganhou atenção do MinC, que conta com uma Secretaria de Economia Criativa com a missão de promover a “intersetorialidade das políticas públicas de Cultura com as políticas de Educação e formular programas de formação artística, cultural e profissionalizante”, como descreve no site.

Seu secretário, Douglas Capela, era um dos debatedores na mesa que falou para a plateia da sala térrea do Itaú Cultural na tarde de terça-feira, 6.

Uma experiência que destacou foi do trabalho da secretaria junto a universidades federais em seis estados para levar o conceito de economia criativa para estas regiões. “Cultura não é despesa, mas investimento”.

Quando o microfone passou para Diana Daster, a temperatura pareceu elevar. A inglesa Diana é diretora de educação da British Council, uma agência independente do governo britânico que sai pelo mundo fortalecendo laços culturais entre os dois países com apostas em ideias criativas e inovadoras.

Usa para isso um fundo chamado de Newton, uma estrutura de investimento que permite que estejam em mais de 15 países parceiros dispostos a promover impactos sociais.

Ela disse que o Reino Unido vive neste momento uma tendência crescente de empreendedores criativos que desejam criar empregos e desenvolver potencialidades econômicas sobretudo junto a populações de baixa renda, “pensando em mecanismos reais que proporcionem ganhos para pessoas que não são atendidas pelos meios tradicionais.”

Os números apresentados pelos debatedores são impressionantes. Segundo eles, a economia criativa no Brasil equivale a 2,64% do PIB nacional. O número de brasileiros empregados nessa via chega a 7.726.338.

Diana encerrou sua fala dizendo que os ingleses estão abertos a conversas com pessoas que possuem projetos criativos que estejam no universo abrangente dessa nova economia.

Na mesma mesa falaram ainda Frederico Cabaleiro, gestor nacional de economia criativa do Sebrae, e Pedro Affonso Ivo Franco, consultor da Tom Fleming Creative Consultancy para América Latina.

Mas há ainda, como levantou Pedro Franco, questões a serem melhor expostas. O que é de fato a ideia de economia criativa no Brasil? Ela seguiria os mesmos parâmetros vistos pelo mundo ou deveria criar a sua própria narrativa?

No geral, a proposta, apesar de alguns exemplos concretos apresentados em outras mesas, parece ser distante e baseada em experiências pontuais.

Há mais perguntas a serem incluídas nas provocações de Franco.

Deve o setor criativo buscar a independência econômica do Estado?

Como fazer com que experiências vitoriosas mas pontuais se tornem cadeias maiores de produção?

Melguizo

Dentre as mesas que seguem na semana MicBr, a que terá o colombiano Jorge Melguizo é a que pode trazer boas revelações.

Melguizo, ex-secretário de Cultura Cidadã e de Desenvolvimento Social de Medellín, vai falar das chamadas bibliotecas-parque e de outras ações que se tornaram um case mundial ao ajudarem a derrubar a criminalidade na cidade a índices recordes.

JB

 

OUTRAS NOTÍCIAS