Artista brasileiro radicado em Nova York, onde mantém um estúdio no Brooklyn, André de Castro entrou em contato com os manifestantes retratados pela internet, o mesmo meio utilizado para a organização dos movimentos de que eles participaram.
Por meio de hashtags no Facebook e no Twitter, ele pediu a cada retratado que enviasse uma foto do rosto e respondesse a perguntas relacionadas ao movimento político de seu país.
“Eu estava nos Estados Unidos e comecei a perceber uma unidade nessa forma de organização das manifestações. As perguntas nas entrevistas eram sempre as mesmas e ligadas à identidade política deles naquele momento”, conta André.
O artista propõe ao visitante da mostra comparar as referências e perceber as divergências e os pontos em comum entre os manifestantes brasileiros, turcos, norte-americanos e gregos.
“A máscara de gás, por exemplo, se repete nos quatro países. No Brasil era muito forte o uso do vinagre. A graça do projeto é o observador fazer sua análise e participar dessa interpretação visual da exposição”, comenta o artista.
“Esse é um projeto em constante expansão, não tem um fim determinado. Desde 2013, eu continuo conversando com as pessoas, fazendo as entrevistas e o projeto vai crescendo. A primeira exposição foi em Miami, com 12 retratos. Em Belo Horizonte, já eram 28”.
Os trabalhos são feitos em serigrafia, mas André de Castro utilizou a técnica como ferramenta de colagem.
“Minha intenção foi criar composições únicas, a partir das respostas obtidas. Usei a colagem de múltiplas telas para mostrar as singularidades de ideias e referências de cada retratado”.
Na galeria, imagem e som se complementam, por meio de uma edição com trechos de músicas escolhidas pelos próprios retratados.
A mostra inclui um texto inédito do historiador Daniel Aarão Reis, contextualizando as manifestações nos quatro países.
Movimentos fica em cartaz até 12 de outubro, com entrada franca e visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 21h. A Caixa Cultural fica na Avenida Almirante Barroso, 25, no centro do Rio.
Paulo Virgílio