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Fábio Porchat traz prêmio do humor a São Paulo

Fábio Porchat | Reprodução

Para o ator e comediante Fábio Porchat, o humor sofre uma contradição: é aclamado pelo público, mas rejeitado pela crítica. “As maiores bilheterias são de comédia. Ao mesmo tempo, ficam de fora das premiações”, disse o integrante do grupo Porta dos Fundos, em entrevista.

Pensando nisso, idealizou o Prêmio do Humor, voltado para o universo do teatro, que, após duas edições no Rio de Janeiro, terá sua estreia em São Paulo, no próximo dia 12. “Precisamos valorizar o humor. Fazer rir é difícil, exige prática e determinação. Segure uma plateia dando risada por uma hora e meia para ver se é fácil. O Prêmio coloca a comédia onde ela merece.” Os jurados da premiação na capital paulista serão Ary França, Miguel Arcanjo, Paulo Bonfá, Rosana Hermann e Fabiana Seragusa. No Rio, são Aloisio de Abreu, Claudio Torres Gonzaga, Benvindo Siqueira, Rafael Teixeira e Sura Berditchevsky.

Além de escolher artistas e encenações nas categorias melhor espetáculo, melhor performance, melhor direção e prêmio especial – voltado para destaques que não se encaixem nas anteriores -, o Prêmio do Humor ainda presta uma homenagem. A edição paulista dará o troféu a Jô Soares, comediante, ator, diretor, escritor e apresentador com longa trajetória no teatro brasileiro, assim como na televisão, com seus talk-shows noturnos. Já a edição carioca deste ano homenageará Berta Loran, comediante que ficou nacionalmente conhecida por sua personagem Manuela DAlém Mar, da Escolinha do Professor Raimundo.

Fábio Porchat financia sozinho o Prêmio do Humor. “Não consegui patrocínio. As empresas só topam através da Lei Rouanet, mas, se eu esperasse, demoraria muito para acontecer, então encarei por conta própria”, diz, esperando que, no futuro, o humor seja mais valorizado por patrocinadores. “As pessoas não acreditam em ideias, só no sucesso, de um modo geral.”

Nova série

Outro projeto de Porchat é a série Homens?, que estreia em 18 de março, às 22h, no Central Comedy, e, no dia seguinte, no serviço de streaming Amazon Prime. Serão oito episódios de 30 minutos.

O ponto de interrogação no título já dá uma prévia da história: trata-se de um questionamento da masculinidade sob o ponto de vista dos homens. A produção traz homens heterossexuais que se sentem inadequados no mundo moderno e precisam lidar com seus avanços, como os questionamentos ao machismo e o empoderamento das mulheres. “É para rir, mas também para pensar. Os homens não estão sabendo lidar com os novos tempos.”

Alexandre, personagem de Fábio Porchat, é um homem com problemas de ereção que procura ajuda médica e dos amigos. O médico diz que o problema não seria hormonal, mas psicológico. Já os amigos, também homens heterossexuais, têm outra receita, menos científica: Alexandre deveria procurar um puteiro. “O que, claro, não era a solução”, afirma Porchat, que, além de ator, é idealizador e roteirista da série.

Já Gabriel Louchard interpreta Pedro, cadeirante com vida sexual extraconjugal ativa, mas que descobre uma traição da mulher, que justifica não mais sentir prazer com o marido. “O cara toma um susto, as mulheres, ainda bem, estão falando cada vez mais o que querem – e os homens não estavam preparados”, conta Porchat, aos risos. “Vai ser humor para todo mundo”, diz, negando temer reações de públicos mais conservadores, que frequentemente fazem comentários críticos aos vídeos do Porta dos Fundos, sobretudo quando o tema é religião.

Saída da Record. Depois de anos no teatro, Porchat se consolidou como um dos principais comediantes do Brasil a partir de 2012, com o lançamento do Porta dos Fundos, coletivo que produz esquetes de humor em seu canal no YouTube, que já tem mais de 15 milhões de inscritos e passa de 3 bilhões de visualizações.

Além de participações em diversos filmes, como Meu Passado me Condena, em 2016 estreou à frente do Programa do Porchat, talk-show diário com direito a plateia e banda, nos fins de noite da RecordTV. Desligou-se da emissora no final de 2018, alegando que a produção havia atingido um “limite artístico”. “Eu estava feliz com o programa, o público também, a crítica também. Então, preferi parar enquanto o programa estava bom”, diz ele. Houve rumores de que o apresentador teria pedido demissão da emissora por divergências políticas, já que o dono da RecordTV, o bispo Edir Macedo, declarou apoio público ao então candidato à Presidência Jair Bolsonaro. À reportagem, o humorista negou o boato.

Fábio Porchat, atualmente, comanda o Papo de Segunda, programa de debates e entrevistas do canal fechado GNT, que reestreia no dia 11 de março, em nova temporada. Também está desenvolvendo um novo programa semanal para a casa. Diz que ainda não negocia voltar à TV aberta, mas não descarta a possibilidade.

Jornal do Brasil

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