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O Memorial recebe uma exposição de Grafite

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O Memorial da América Latina recebe uma exposição que pode mudar a cabeça de quem pensa que o grafite é um movimento homogêneo.

A 4ª Bienal Internacional do Grafite Fine Art transforma o espaço cultural em uma vitrine para a diversidade de técnicas e estilos da expressão artística que, no Brasil, atingiu sua expressão máxima nas ruas de São Paulo.

Um dos pioneiros da arte, o paulistano Binho Ribeiro foi o curador responsável por selecionar as dezenas de obras feitas por mais de 80 artistas nacionais e internacionais que enchem de cores a galeria Marta Traba, a biblioteca e a praça do espaço cultural.

“Realizar essa exposição num lugar como o Memorial da América Latina possibilita a visitação de escolas e adolescentes e permite a eles conhecer as possibilidades do grafite na atualidade”, afirmou Ribeiro ao Estado.

“Isso é importante porque são esses artistas que estão na cabeça das gerações mais novas”.

O curador explica que a Bienal não possui um tema específico, pois privilegia a liberdade de produção.

Ele selecionou grafiteiros de relevância na região onde atuam e procurou incluir expoentes de diferentes estilos, com trajetórias variadas.

Metade dos artistas convidados produzem sua arte em São Paulo e estão participando da exposição pela primeira vez.

É o caso de Alex Senna, grafiteiro consagrado que enfeita os muros da metrópole com seus personagens e passarinhos em preto e branco.

Ele opina que a produção de artistas brasileiros no âmbito internacional é prova da importância do grafite para o cenário da arte contemporânea.

Mesmo assim, acredita que a expressão artística ainda não possui o reconhecimento que lhe é devido.

“O paulistano gosta de ver o grafite pronto, mas não a produção. Quando eles nos veem pintando, nos xingam e, por ignorância, ligam para a polícia”, contou Senna ao Estado.

“A Bienal é importante para expor talentos que existem no País. Mesmo com mais de 30 anos de história dessa forma de arte na cidade, os grafiteiros ainda precisam lutar por seu espaço.”

A exposição dialoga com esculturas e instalações.

É o caso, por exemplo, de uma obra sobre a lenda amazônica Iara, instalada no espelho dágua do Memorial pelo artista Tito Ferrara.

Ou, então, a escultura do artista argentino Tec feita a partir de materiais reciclados garimpados de um sucateiro da Barra Funda, bairro onde se encontra o espaço cultural.

“Esta Bienal possibilita a muitas pessoas que só conhecem o grafite por meio dos muros conhecer outros artistas”, aponta Binho Ribeiro.

Embora já tenha produzido obras relevantes no Rio de Janeiro, a grafiteira Rafa Mon se considera uma iniciante no campo do grafite- principalmente se comparada a outros artistas que já estão há mais de uma década na área.

Ela é um dos 20 grafiteiros de outros estados.

A artista afirma que sentiu muita responsabilidade por pintar ao lado de grandes nomes da arte e acredita que a bienal pode combater a falta de conhecimento da população sobre o grafite.

“O que me deixou mais feliz foi a diversidade.

Além disso, as obras foram separadas por estilos: tem uma área que é mais gráfica, outra que é mais realista.

Acredito que isso será fundamental para os visitantes que são leigos no assunto”, disse Rafa. Além de obras nacionais, a Bienal do Grafite conta com expositores de pelo menos outros sete países. Mesas de conversa e oficinas completam a programação do evento.

JB

 

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