O saldo da balança comercial este ano deverá chegar a até US$ 12 bilhões, estimou o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.
Monteiro disse ter visão “bastante positiva” sobre o cenário econômico brasileiro neste momento.
Segundo ele, o superávit na balança comercial fechou a primeira semana de agosto acima de US$ 5 bilhões, e as projeções indicam números mais confortáveis.
“Embora temerárias, as minhas projeções no início do ano eram de um saldo comercial entre US$ 8 bilhões e U$$ 10 bilhões. Agora já é possível fazer uma projeção com uma margem bem mais segura de que o nosso saldo este ano vai passar de US$ 10 bilhões, podendo chegar a US$ 12 bilhões”, afirmou o ministro.
Ele admitiu que as importações caíram de maneira significativa nesse período, o que, de certa forma, favorece a obtenção de um superávit maior, mas ressaltou o fato de que a tendência de queda nas importações está sendo seguida por um movimento de substituição dessas compras externas, que ficaram mais caras com a alta do dólar.
“Isso abre um espaço adicional para a produção industrial doméstica em um momento em que essa produção passa por forte retração. Agora, é preciso destacar também que as exportações estão crescendo em volume. Este é um dado muito importante: a parte física das exportações está com um aumento expressivo.”
O ministro do Desenvolvimento afirmou que, se os preços do ano passado das commodities (produtos primários com cotação no mercado internacional) estivessem em vigor hoje, o país já teria saldo comercial muito mais robusto. “Seguramente, já seria maior em cerca de US$ 10 bilhões.”
Ao comentar a desvalorização do yuan, a moeda chinesa, ele disse não vê isso como um problema para o Brasil, uma vez que a relação direta de comércio com a China está centrada nas commodities.
Neste segmento, o Brasil tem uma competitividade “indiscutível”, segundo ele.
“É evidente que a desvalorização da moeda chinesa [yuan] dá às exportações de manufaturados daquele país mais competitividade no mercado global. E como a área em que a China vem tendo uma penetração maior é sobretudo aqui, na América do Sul, isso poderá ter um efeito no sentido de deslocar algumas exportações brasileiras de manufaturada”, destacou.
O ministro lembrou, porém, que o câmbio no Brasil também se realinhou de maneira expressiva – e que o real foi a moeda que teve a maior flutuação, com mais de 50% de desvalorização nos últimos 12 meses. “Acho que, se for levado em conta uma cesta de moedas, a nossa está muito bem situada.”
Monteiro mostrou-se mais preocupado com a questão da inflação do que com a da desvalorização da moeda chinesa.
“Seguramente, a queda da nossa moeda será minimizada mais em consequência da inflação, este é o fator que erode o câmbio real. Temos de estar muito atentos à evolução dos custos: desvaloriza-se a moeda, mas os custos sobem. Esse é que é o problema, e não a desvalorização do yuan, que ainda é bem menor do que a da nossa moeda.”
Nielmar de Oliveira