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Senador que apunhalou o PT agora pede ajuda de Lula para se eleger governador

O senador Veneziano Vital

O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) encerrou a aliança que tinha com o atual governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), para se lançar pré-candidato ao governo do estado com o suporte de Ricardo Coutinho.

Veneziano implorou pelo apoio de Lula, mas sua candidatura é rechaçada pela maioria dos setores de esquerda da Paraíba.

Ainda está fresca na memória a cena do seu voto a favor do impedimento de Dilma Rousseff, em 2016, quando exercia mandato de deputado federal.

“Com equilíbrio, com moderação, como esse momento que é paroxístico [sic] para o Brasil exige, com responsabilidade jurídica e consciência política, a minha posição é favorável ao impedimento da presidente”, disse Veneziano, na época.

O então deputado ainda ergueu os braços após a fala, como se comemorasse um gol.

O mesmo Veneziano que apunhalou o Partido dos Trabalhadores e Dilma anunciou nesta segunda-feira (21/2) que pretende chegar ao poder na Paraíba com as bênçãos de Lula e do partido.

“Eu disse ao PT, sem o apoio de Lula eu não vou ser candidato”, afirmou o senador no ato de lançamento de sua candidatura.

No domingo (20/2), porém, a imprensa local noticiou que deputados e dirigentes do PT — que representam 72% da legenda — não pretendem apoiar Veneziano. Um manifesto assinado por 146 lideranças assegura apoio à reeleição de João Azevêdo:

“Faz-se necessário ter um palanque forte do campo progressista, democrático e popular para acolher a candidatura do presidente Lula e capaz de agregar os anseios do povo paraibano”, diz a nota.

Traição

Casos de traições na política e de aliados que deram as costas para o PT no período do impeachment de Dilma são conhecidos em todo o Brasil, mas talvez nenhum seja tão escandaloso como o de Veneziano.

Em 2014, dois anos antes do processo de impeachment, Dilma nomeou Vital do Rêgo, irmão mais velho de Veneziano, para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) — um dos cargos mais importantes e cobiçados do Brasil.

O TCU é um órgão colegiado, composto por nove ministros — seis são indicados pelo Congresso Nacional, um pelo presidente da República e dois escolhidos entre auditores e membros do Ministério Público.

Os ministros do TCU gozam de uma série de privilégios e mordomias, com salário bruto de R$ 37,3 mil, 60 dias de férias no ano, apartamento funcional em Brasília (DF) e o acréscimo de auxílios relacionados à saúde e alimentação.

Os ministros do TCU têm mandato vitalício e ficam na função até completarem 75 anos.

Alguns ministros chegam a ganhar até R$ 78 mil mensais — muito acima do teto constitucional –, já que recebem vários penduricalhos, como diárias por viagens realizadas para auditorias e ressarcimentos de despesas médicas.

Além disso, os ministros do TCU podem pedir auditoria de instituições ligadas ao governo, prestação de contas de programas sociais, frear processos de concessão e julgar as contas do presidente da República.

Todo esse poder e privilégio financeiro foram depositados por Dilma Rousseff no colo da família de Veneziano Vital do Rêgo. A ex-presidente seria deposta do mandato, dois anos depois, com a ajuda de Veneziano.

“O voto dele [Veneziano] não alteraria o resultado do impeachment, mas diz muito sobre seu caráter covarde e sobre ingratidão”.

“Naquele momento, ele imaginava que estava ajudando a enterrar permanentemente as forças representadas por Lula, Dilma e o PT. Mas o tempo passou, o cenário mudou, Lula lidera as pesquisas e ele oportunamente deseja surfar nessa onda”, acrescentou.

RPP

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