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Aborto legal é uma questão de saúde pública e não de ideologia/ Por Sérgio Jones

Independente do conceito ou opinião que se tenha de que o aborto deve continuar proibido, outras, que deve ser legalizado. A opinião pessoal pouco importa quando tratamos dessa questão. E por quê?

Porque segundo alguns especialistas do setor, além do Brasil ser um país extremamente desigual as mulheres, em algum momento de suas vidas, já abortam, independentemente do que pensemos.

Segundo o Instituto Alan Guttmacher (IAG), entidade americana que estuda a questão do aborto no mundo, avalia que cerca de 1 milhão de mulheres abortam no Brasil todos os anos.

Independentes de raça, credo ou condição de poder aquisitivo. As católicas e as evangélicas abortam; as loiras, as morenas, as afrodescendentes, as pobres, as ricas, as adolescentes, as casadas, as que saem com vários parceiros, as que tiveram apenas uma relação sexual na vida e as que são mães, também.

E vão continuar abortando. Afinal, a decisão de interromper uma gravidez é pessoal e envolve várias questões que nem sempre se pode controlar.

De acordo com procedimentos hospitalares cada aborto realizado em meninas de 14 anos ou menos no Brasil, outras 11 precisaram ser hospitalizadas em decorrência de interrupções, outras 11 precisaram ser hospitalizadas em decorrência de interrupções de gravidez provocadas ou espontâneas em 2021.

Mesmo diante desse quadro desesperador as intervenções autorizadas são minorias, apesar de a gravidez nessa idade apresentar risco para a saúde da gestante e do aborto ser previsto por lei nos casos de estupro o que inclui meninas engravidadas antes de completar 14 anos.

Precisamos urgentemente olhar o problema de frente sem hipocrisias com coragem. Afinal, a comparação com o número de internações sugere uma alta ocorrência de complicações nos abortos realizados fora do ambiente hospitalar.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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