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Apoio político de Bolsonaro entre os evangélicos está em queda livre/ Por Sérgio Jones

Evangélicos se afastam de Bolsonaro

Ouso a discordar, em parte, com os argumentos utilizados pelo Sociólogo mestre em Ciências Sociais pela Unifesp e pesquisador visitante da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Rafael Rodrigues da Costa. Durante entrevista concedida ao site Sputinik afirmou que o apoio obtido por Bolsonaro entre os evangélicos ocorreu devido a fatores do mesmo ter se apresentado como “algo novo para o Brasil”. Verdade, mas de novo ele não tem nada.

De acordo com a última pesquisa Datafolha, esta aponta que apenas 29% consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom, sendo este o menor índice já registrado desde que assumiu o poder.

O nobre sociólogo faz uma análise, ao meu ver, com alguns acertos e equívocos ao traçar o perfil de parte do eleitorado evangélicos. No qual deixa ele transparecer que, em algum momento de pura epifania, atuaram como se tratasse de um eleitorado com elevado grau de politização, o que não corresponde com a realidade.

O segundo ponto abordado por ele, no que tange aos resultados pró Bolsonaro em 2018, em que na condição de especialista atribui ao fato de ter havido a junção de fatores que colaboraram com a eleição de Bolsonaro, como o “caldo econômico, que vai fazer com que os evangélicos, que são pobres e negros em sua maioria, abandonem o petismo, o lulismo, para abraçar o próximo candidato que viria”.

A bem da verdade, o que esqueceu, ao fazer tal análise sobre o avanço de Bolsonaro em 2018. Foi não levar em conta a importância do contexto histórico brasileiro. Situação em que se assemelha com o que aconteceu com o chamado “fenômeno Collor de Mello”.

Em que em grande parte do povo não escolarizado e com baixo nível de politização, o apoiou tendo a esperança e a crença semelhante, respeitando as devidas e necessárias proporções históricas, do que aconteceu em tempo idos com o povo israelita, este acreditava na chegada do Messias, O que na prática jamais aconteceu.

O povo brasileiro, devido a sua origem histórica escravocrata, que tinha na figura do senhor da Casa Grande uma imagem de uma espécie de semideus, entre outras falsas crendices.

Imagens e crendices que ainda permanecem impregnadas no inconsciente coletivo, até os dias de hoje. Induz o povo a acreditar que qualquer solução para os problemas sociais, que se arrastam por séculos, só será solucionada através da figura de uma espécie de “Salvador da Pátria”.

Daí o porquê dos sucessivos erros cometidos pelo povo ao longo de sua história. Erros que devem permanecer ainda, por um longo e deplorável tempo.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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