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As espertezas dos políticos para continuarem no poder não são arrefecidas nem diante do Covid-19/ Sérgio Jones*

A situação em que se encontra a humanidade diante da pandemia provocada pelo covid-19 é grave e requer o esforço coletivo para que a situação possa ser superada, da melhor forma possível.

Mas nem tudo gira em torno dessa situação calamitosa, quando se trata de poder. Alguns políticos demonstram estar mais preocupados com a manutenção ou adiamento das eleições de suas excelências.

Diante do impasse o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), esse mesmo, o envolvido em mil mutretas, que para a vergonha nacional continua exercendo o cargo nos podres poderes. Anunciou que vai apresentar ao Congresso uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para adiar as eleições municipais de 2020 para 2022. Ele defende que os mandatos atuais sejam prorrogados até lá e que a unificação dos pleitos seja definitiva.

Tal proposta reflete a felicidade de alguns e desespero de outros, o balaio de interesses é diversificado. No caso específico de Feira de Santana, o prefeito Colbert Martins (MDB), que sempre demonstrou um gosto refinado pelo poder, já se posicionou com relação ao fato. Uma vez que demonstra não se importar com a decisão de que se haverá eleição ou seu adiamento. Ambas as situações se apresentam, até certo ponto, favoráveis a ele.

O adiamento permitirá que ele “continue à frente” e dê prosseguimento a sua capenga administração que exerce de direito, mas quem comanda toda a orquestra e mantém o grupo afinado é o velho caudilho, o ex-prefeito José Ronaldo, a eminência parda da política feirense que se mantém no controle político local, por duas longas e sofríveis décadas.

O prefeito por direito, Colbert Martins, mais uma vez se posiciona de forma demagógica e candidamente se diz pronto para fazer o sacrifício que a situação exige: …”se tiver que colocar todo o dinheiro que será gasto nas eleições no combate ao coronavírus eu estarei pronto para fazer isso. Se não tem dinheiro para realizar as eleições, este ano, que se adie para 2022 e as unifique”, observou.

O que fica subtendido é que até mesmo em época de crise, de extensão planetária, o sistema sempre favorece aos mesmos. Se houver eleições o atual prefeito sai para o embate. Se vitorioso fica mais quatro anos se beneficiando do poder e de todas as benesses por ele oferecido. Havendo o seu adiamento o prefeito continuará no Paço Municipal, por mais dois longos e intoleráveis anos. Podendo no seu término de mandato, concorrer à reeleição. Como diz o velho e sábio adágio popular, o rio só corre para o mar.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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