No dia 30 de março, o Palácio do Planalto anunciou um corte de 44% no dinheiro previsto para a área, deixando o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) com o menor orçamento em 12 anos.
O valor que a pasta pode usar neste ano é, com as novas restrições, cerca de R$ 2,8 bilhões – antes dos cortes, este número era de R$ 5 bilhões.
De acordo com o físico Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências, ouvido pela Nature, o novo orçamento é uma “bomba atômica sobre a ciência brasileira”.
“Se estivéssemos em guerra, alguém poderia pensar que essa era uma estratégia de um poder externo para destruir nosso país. Mas, em vez disso, somos nós fazendo isso conosco”, afirmou.
Já para Sidarta Ribeiro, chefe do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, os cortes podem incentivar a diáspora de cientistas do Brasil.
Ele citou, relata a Nature, o caso da neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que trocou o país pelos EUA justamente pela falta de condições de pesquisa.
“Se eu não tivesse dinheiro do exterior para pesquisar, eu estaria fechando também”, afirmou Ribeiro.
Dias antes do anúncio dos cortes, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e a ABC (Academia Brasileira de Ciência) haviam enviado uma carta a Temer e ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pedindo que a área fosse poupada.
No texto, as entidades lembraram da aprovação da PEC 241, que congela os gastos do governo por 20 anos e só ajusta esses totais de acordo com a inflação.
“A PEC 241 congelou o orçamento do MCTIC num momento em que este se encontrava contraído, encolhido, reduzido a valores muito aquém do necessário em razão dos sucessivos cortes que tiveram como justificativa a crise que estamos vivendo”, afirma o texto.
Revista Nature