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Descaso na saúde sentencia crianças à morte no hospital da mulher/ Por Sérgio Jones*

GILBERT LUCAS

Descaso, negligência, irresponsabilidade são alguns termos que podem descrever o quadro da saúde municipal em Feira de Santana.

Uma recém-nascida que estava internada há 30 dias na UTI Neonatal do Hospital Inácia Pinto dos Santos (Hospital da Mulher), enquanto a família aguardava a regulação para realização de uma cirurgia do coração, veio a falecer nesta sexta-feira, 27.

Ela nasceu com cardiopatia congênita e necessitava da cirurgia em uma unidade de alta complexidade.

O mais perverso desta brutal realidade que é dispensado à população, principalmente de baixa renda, é o descaso que é incentivado pela falta de punição a ser aplicada aos responsáveis pelo crime perpetrado contra a vida do cidadão.

Este não é o primeiro caso, e ao que parece, infelizmente, não será o último.

Médicos pediatras que atuam neste hospital reconhecem que recém-nascidos que permanecem internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital da Mulher precisam ser removidos com urgência para Salvador.

O que não se explica é que mesmo diante de evidências irrefutáveis. A direção reluta em reconhecer a sua responsabilidade no caso sob o argumento de que que em ficam sem previsão de transferência.

Mesmo reconhecendo que o estado dos bebês que nascem com essa disfunção do coração é grave.

Diante a situação A diretora presidente da Fundação Hospitalar, Gilberte Lucas, mais uma vez tirou o braço da seringa se utilizando de argumentos manjados de que a cada dia é renovada a solicitação de transferência dos bebês que precisam de cirurgia.

Será que em caso similar se o paciente fosse um ente querido dela ou de algumas de suas excelências políticas, o tratamento que vem sendo dispensado ao povo, seria os mesmos a serem ministrados as suas excelências?

Cinicamente a diretora lamentou a perda da recém-nascida que não conseguiu a regulação, solicitada em um período de 30 dias.

E tratou de arranjar um “bode expiatório“ transferindo a culpa sob argumentos frágeis e pouco consistentes.

“Enviamos várias solicitações para a Secretaria Estadual de Saúde no sentido de que intervenha nessa situação e possa dar maior celeridade ao processo de transferência dos recém-nascidos, que se encontram nesse estado de saúde para uma unidade de referência em cirurgia cardíaca.

Há quinze dias que as respostas foram negativas, neste caso específico da recém-nascida, sob a alegação da inexistência de vagas”.

Na certeza de que continuarão impunes em seus crimes perpetrados contra o povo, o emprego está garantido, assim como as práticas criminosas que condenam a indigência social os filhos da classe trabalhadora.

Os crimes continuarão a acontecer enquanto os responsáveis ficam discutindo o sexo dos anjos. O município culpa o Estado e vice-versa. E os sacrificados, no altar da incompetência política, são sempre os mesmos.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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