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Destino de Colbert é se manter curvado diante do poder/por Sérgio Jones

O Estado pode ser laico, em tese, mas na prática se curva diante dos ditames, por mais absurdos que possam parecer, dos interesses das igrejas e de seus representantes. Estas gozam de privilégios incompatíveis com a realidade do país, ao permanecerem isentas de impostos, quando na realidade lidam com verdadeiras fortunas, subtraídas de pessoas incautas e temente a Deus. São cheias de direitos, obrigação nenhuma.

Aproveito a oportunidade para citar a famosa sentença em que a Cristo responde à questão sobre o que seria lícito para um judeu pagar impostos a César. Em resposta disse ele: “A César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mateus 22:15-22).

Algumas correntes religiosas alegam que o dízimo é da lei. Para esses é importante lembrar que, ainda que fazia parte da mesma, contudo, não se tratava de imposto.

Biblicamente a teoria do dízimo em nenhum momento se apresenta como imposição da lei. Onde encontramos no Antigo Testamento. qualquer relato do dizimo sendo cobrado por algum coletor de imposto?

Quem deixa de pagar os impostos devidos está sujeito a cobranças judiciais, porém, isso não ocorre em lugar algum quanto aos dízimos. Mesmo no período da lei, o dízimo tratava-se de um princípio e valor espiritual, um privilégio para povo da aliança.

Na prática nos deparamos com outra interpretação, nos dias atuais, em que o povo se vê obrigado a pagar o dízimo, além de ser submetidos a outras formas de exploração, feita em nome de Deus. É claro que tal comportamento não se aplica a todas as religiões.

Entretanto, algumas têm se envolvido de forma efetiva nas lides políticas objetivando obter mais ganhos uma vez em que o saco da usura não tem fundo, e por isso mesmo, nunca enche.

Durante discurso na tribuna da Câmara Municipal de Feira de Santana, nesta terça-feira (8), vereadores defenderam o prefeito Colbert Martins a respeito do decreto municipal que restringia e adotava medidas para o devido funcionamento de templos religiosos, no tocante ao Covid-19.

Mas por se tratar de um prefeito pusilânime, diante das primeiras críticas feitas pelos religiosos, ele recuou e se curvou sob a imposição e os ditames de falsos profetas, sendo o documento imediatamente revogado.

O fundamentalista e insano religioso vereador Edvaldo Lima se utilizou da tribuna legislativa para acusar o prefeito de direito e não de fato, Colbert Martins, de estar perseguindo os evangélicos.

Tal acusação não soa como verdadeira. Para ser justo com a verdade, o documento não fazia distinção nem era exclusivo para os evangélicos, era abrangente a todos os segmentos religiosos. Mesmo diante dessa evidência prevaleceu a grita dos “ fieis servidores de Deus”. Em detrimento, mais uma vez, da razão.

Ao que parece o velho e bom adágio popular se aplica ao atual prefeito e se encaixa com a precisão de uma luva. O prefeito pode não se curvar perante Deus, mas se ajoelha para as dificuldades.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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