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Em maio a Bahia pode chegar a 1,1 milhão de pessoas infectadas com o covid-19

A projeção foi feita por pesquisadores da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

O número de pessoas infectadas com o novo coronavírus na Bahia vai chegar a 1,1 milhão em meados de maio. A projeção foi feita por pesquisadores da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e divulgada nesta quarta-feira (1º). Ontem, outro estudo apontou que o número de casos vai triplicar nos próximos dez dias se a população abandonar as medidas de isolamento social.

A pesquisa foi realizada pelo professor e coordenador do Grupo PET, da Faculdade de Economia da Uefs, Cleiton Silva, e pela estudante do 9º semestre Yasmin Oliveira. O levantamento observou que o crescimento diário de casos confirmados da doença, de 6 a 31 de março, tem sido de 23%. Ele apontou que dos 14,9 milhões de habitantes que vivem na Bahia, cerca de 1,1 milhão serão infectados, o que representa aproximadamente 7,4% da população.

“O número assusta, eu também fiquei assustado quando concluí os cálculos, mas está em acordo com estudos internacionais. As projeções podem mudar dependendo das medidas que forem adotadas pelas autoridades nos próximos dias e do comportamento do vírus em nossa sociedade, mas, no cenário atual, essa é a estimativa. Haverá um pico de infectados no meio do mês de maio e depois vai começar a diminuir”, afirmou Silva.

O professor disse que o objetivo da pesquisa é fornecer informações científicas de forma transparente para ajudar a sociedade na tomada de decisões. O estudo será atualizado a cada dez dias para verificar se a previsão está se confirmando, mas ele contou que nem todas as notícias são negativas.

“Fiz um comparativo com outros estados e na Bahia a situação não é das piores. Foram registrados dois óbitos em um mês de pandemia e a curva de infectados está abaixo das projeções iniciais. Muito disso se deve as ações adotadas pelas autoridades, como o isolamento social e a redução do fluxo de pessoas entre os municípios”, disse.

A estudante de Economia Yasmin Oliveira, 22 anos, participou do estudo e contou que a metodologia usada foi embasada nos boletins divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) com os dados de pessoas infectadas, e em cálculos epidemiológicos usados em pesquisas internacionais e de outros estados. Foram cerca de dez dias de coleta de informações e de análises até a publicação.

“Despertamos o interesse em monitorar essa situação depois que o primeiro caso da doença foi confirmado em Feira de Santana. Começamos a pesquisar, ver o que estava sendo feito lá fora para possivelmente replicar aqui. Inicialmente, elaboramos mapas usando modelos mais simples até que nos deparamos com um modelo epidemiológico que é usado para projetar o avanço de doenças no mundo todo. Estudamos as equações do modelo e aplicamos aqui”, afirmou Yasmin.

O estudo divide a população em três categorias: os que estão suscetíveis de serem contaminados, os infectados, e os que adoeceram e se recuperam. A pesquisa afirma que na Bahia a incidência de casos é maior entre 70 e 79 anos, que os infectados representam cerca de 4% do total de casos notificados, e que mais de 60% deles estão concentrados na capital. A taxa de mortes provocada pela doença tem sido de 4,9% no mundo e 3,6% no Brasil, mas ela não foi estimada na pesquisa.

O trabalho da Uefs afirma que se for considerado, hipoteticamente, que 15% das pessoas que contraem a Covid-19 precisam de internamento médico, seria necessário 165 mil leitos para atender aos enfermos na Bahia. O dado preocupa porque de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), até esta quarta-feira (1º), o estado tinha apenas 3.284 leitos de UTI Complementar, sendo que 1.815 deles estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 1.469 pela rede privada.

O Cnes aponta que nos hospitais particulares 290 camas já estão reservadas para pacientes com o novo coronavírus. No sistema público são 245 unidades de isolamento já pré-determinadas.

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