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Estudos afirma que crustáceos carregam carbono radioativo da Guerra Fria

(FOTO: DAIJU AZUMA, CC BY 2.5) C

Crustáceos que vivem no oceano profundo ainda carregam carbono radiotivo de testes nucleares feitos durante a Guerra Fria, mostrou uma análise da Academia Chinesa de Ciências. Essa é a primeira vez que os especialistas observaram o fenômeno em organismos que vivem tão profundamente — incluindo alguns na Fossa das Marianas, localizada no Oceano Pacífico e que fica a 11 mil metros de profundidade da superfície.

Os seres vivos que habitam a superfície do oceano incorporaram esse “carbono-bomba” nas moléculas que compõem seus corpos desde o final dos anos 1950. O novo estudo mostra também que os crustáceos naturais do oceano profundo incorporam a substância quando se alimentam da matéria orgânica de outros organismos presentes na região.

Para os especialistas, essa é uma prova de como poluição humana pode entrar rapidamente na cadeia alimentar e chegar ao fundo dos oceanos. “Há uma interação muito forte entre a superfície e o fundo do oceano, em termos de sistemas biológicos, e atividades humanas podem afetar os biossistemas a até 11 mil metros: por isso, precisamos ter cuidado com nossos comportamentos futuros”, disse Weidong Sun, co-autor do artigo, em declaração.

A equipe também afirmou que os traços de carbono-14 encontrados nos animais ocorrem naturalmente na atmosfera e nos organismos vivos, mas não nessa quantidade. Em meados da década de 1960, os níveis atmosféricos de radiocarbono eram aproximadamente o dobro dos índices registrados no período anterior ao início dos testes nucleares — esses níveis só começaram a cair com o fim dos experimentos.

Curiosamente, os pesquisadores também descobriram que esses crustáceos crescem e vivem mais do que os seus homólogos de águas mais rasas. A equipe acredita que esses animais são provavelmente os subprodutos de sua evolução, vivendo em ambiente de baixas temperaturas, alta pressão e um suprimento limitado de alimentos, e por isso têm metabolismo lento e baixa renovação celular, o que lhes permite armazenar energia por longos períodos de tempo.

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