Estamos iniciando a publicação de uma carta, histórica, de um pai para o seu filho, no município de Feira de Santana, Estado da Bahia. Esta carta foi dividida, pela redação, em seis partes. Ao final o documento original será fotografado e postado.
Primeira parte da carta
Feira de Santana, 13 de dezembro de 1975
Exmº. Sr. Dr. E Deputado João Durval
Meu ilustre e “Caro inimigo”
(Já) A dias passados, recebi um bilhete de V. Excia. Fazendo-me a entrega de um carro velho, e externando os vossos agradecimentos. Nada tinha a agradecer; eu é quem devo pedir-lhe desculpas pelos prejuízos que eu mesmo lhe proporcionou, no decurso dos oito anos que o usou. Mas vamos enterrar este assunto que, considerada a sua insignificância, não compensa o desgaste da fita da máquina, muito menos o meu tempo que considero o mais precioso dos bens.
Passemos a outro para mim mais importante. Decorrido os dezoito meses daquela fatídica manhã, quando vos recebi no meu quarto de enfermo, fui confortado com as vossas amáveis palavras, ordenando-me que “metesse na bunda” trezentas e tantas tarefas de terra.
Não me foi possível satisfazer-vos, porque plenamente impossível. Sendo portanto a primeira vez que deixei de satisfazer qualquer pedido ou determinação de V. Excia.
Fui informado de que V. Excia. Dissera a Vossa santa irmã (claro que não me refiro a Hilda) que eu ando a propalar que a solução dos vossos negócios custou-me mais de um bilhão de cruzeiros, mas que não é verdade, porquanto foram apenas quatrocentos e tantos milhões.
Muito embora possua elementos para comprovar que eu não sou mentiroso, contudo não quero devolver-vos o desprimoroso título. Prefiro levar a conta do esquecimento, o que é muito natural a todas as pessoas com grande volume de negócios e que possuem a felicidade de não preocupar-se como eu em anotar, todos os compromissos, mesmo os mais insignificantes.
Passemos às fls.2