A corrida para ser o vice dos dois principais candidatos a prefeito no município de Feira de Santana teve sua definição alicerçada por profundas e desconhecidas negociações.
Jogando-se aos pés de José Ronaldo, o nome mais badalado era do empresário Zé Chico, os outros orbitavam em torno da estrela. Pablo, o negociador, era candidato a prefeito, batia o pé no cimento, bem protegido, dizendo que não renunciaria sua candidatura.
Zé Chico como sempre, acreditava que desta vez seria reconhecido pelo seu líder, não sabia que urdia uma sigilosa negociação com Pablo (PSDB) que envolvia outras lideranças do grupo no sentido de cooptá-lo para ser vice de Ronaldo. Fato concretizado. Pendurado no pescoço de Pablo estava também o seu partido.
O interessante. Depois de mais uma vez Zé Chico não ser prioridade do grupo e preterido em várias campanhas eleitorais, que resultaram em derrotas, sofria mais um desprezo. Curioso é saber, mesmo ficando na suplência de deputado, nunca foi contemplado com qualquer cargo administrativo pelo seu líder, segundo observações nos bastidores esse é o mote para ser reconhecido como masoquista político.
Ao tomar conhecimento do dolorido pontapé no traseiro, tentou engrossar o pescoço, foi encontrar-se com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) surgindo a possibilidade de apoiar a candidatura de Zé Neto e ser o vice, inclusive seu partido, PDT, chegou a divulgar apoio ao PT feirense.
Entretanto, confirmando o masoquismo político, Zé Chico resolveu manter-se sob os pés de José Ronaldo, anunciou que apoiaria seu líder e o partido o seguiu. Em uma declaração espantosa, segundo comentários, Ronaldo teria afirmado que o apoio veio depois de uma intensa negociação.
Intensa? Pode incluir tudo, ou nada. Nada, não acredito. Não existe almoço grátis, alguém está pagando. Quem? E o que foi servido?
Alguns eleitores de Ronaldo quiseram gerar um tsunami, compraram uma bola de cristal e euforicamente passaram a gritar: é primeiro turno! É primeiro turno!
Quando menos se esperava, eis que o candidato Zé Neto (PT) surpreende os eleitores e anuncia como seu vice o evangélico, cantor gospel e empresário da música, Sandro Nazireu
A escolha foi anunciada em entrevista coletiva com o próprio Zé Neto, o Movimento União por Feira, após decisão da coordenação política da base aliada, composta pelo PT, PCdoB, PV, PP, PSOL, Rede, Avante, Podemos, PSB, Agir, PSD e MDB.
Nazireu entrou na campanha com o seguinte pronunciamento:
“Quando se fala em união, a gente pensa também no processo de unidade. E quando eu comecei a entender isso, percebi que Feira precisa realmente estar unida pra gente conseguir mudar o quadro atual em que ela se encontra. Então, tenho certeza que essa união de todos nós, evangélicos, pais, mães, filhos, jovens, enfim, vai conseguir construir um futuro muito melhor para Feira”.
“Quando passei a conhecer Zé Neto, andar na casa dele, conhecer sua família, eu vi o tamanho do ser humano que ele é, os trabalhos que ele tem desenvolvido e o quanto ele estava aberto, e está, para falar com todos. Estamos juntos nessa missão!”, completou Nazireu.
Não façam previsões precipitadas, Zé Ronaldo pode ser um dos maiores líderes políticos de Feira de Santana, isso não se pode negar, como também o desgaste sofrido nos últimos seis anos é acentuado, a liderança vem se arrastando nesse período, o saturamento e as dúvidas e chegaram com uma certa dosagem de incertezas.
Atualmente as condições objetivas se apresentam, politicamente, mais favoráveis a Zé Neto. Será uma eleição difícil, acredito que teremos segundo turno, a não ser que aconteça, nesse período de campanha, algo extraordinário que possa mudar o perfil que se observa nos eleitores de hoje.
Carlos Lima