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Feira: incúria administrativa resulta em tragédias e deixa saldo de centenas de desabrigados / Por Sérgio Jones*

Bairro Baraúnas em Feira ficou inundado

Todo ano o espetáculo de horrores se repete e é apresentado pela mídia de Feira de Santana, terrinha de Lucas. Que com muito profissionalismo desfia um rosário de problemas que acomete anualmente, com uma precisão perversa, às populações financeiramente menos favorecidas do município.

Estas são empurradas, por falta de opções, a ocuparem locais considerados inadequados, onde constroem às suas moradias. O que resulta em um número cada vez mais elevado de vítimas provocadas pelas forças da natureza, ou seja, pelas chuvas que ocorrem nesse período do ano.

O fato acontece devido a eterna usura especulativa dos setores imobiliários financeiros, neste caso específico, buscam as melhores áreas para se locupletarem financeiramente.

Toda esta selvageria acontece sob os olhares compassivos do poder público que nada faz visando disciplinar e conter a voracidade desses senhores.

Essa política adotada pelo setor imobiliário é considerada pelos críticos expertises do setor, como um modelo perverso. “Os imóveis ou terrenos não são adquiridos para uso imediato, mas para servir ao capital financeiro, que muitas vezes nem paga imposto. Claro que tudo isso é feito às custas de quem precisa de um lugar para morar”, observam eles.

A classe política lucra com todo esse desequilíbrio especulativo. Ao constatar as tragédias preanunciadas eles se deslocam até as áreas atingidas ocupam e ganham visibilidade, sem custo, dos setores midiáticos para fazerem os seus proselitismos políticos, e adotar posturas previamente ensaiadas para apresenta-las e se posicionarem bem diante do público.

Passada a crise, que se repete anualmente, eles saem de sena, não sem antes deixarem de fazer um corolário de promessas, estas nunca realizáveis.

Foi o que aconteceu neste domingo (26), quando o prefeito Colbert Martins Filho visitou as áreas de risco atingidas pelas fortes chuvas que caíram no município, nos últimos dias.

Acompanhado de técnicos da Prefeitura e da Defesa Civil, ele determinou a adoção de medidas visando enfrentar a situação e garantir a assistência a quem estiver desabrigado.

Os transtornos e prejuízos provocados pelas chuvas atingiram os bairros Rua Nova e Jardim Cruzeiro, a exemplo da 2° Travessa Barrolândia, entre outras localidades periféricas.

Nestas áreas, como de costume, o alcaide determinou estudo técnico visando redimensionar a rede de drenagem de águas pluviais, até o presente momento, inexistentes.

Os dirigentes políticos só se apercebem dessas graves situações após as crises provocadas pelas intempéries realizarem os estragos costumeiros. Isso acontece pela falta de planos de prevenção do poder público.

Como sempre, diante do previsto o chefe do executivo se apresenta nos locais acompanhados de seu estafe realiza uma rápida inspeção e providencia uma maquiagem no local, tendo a certeza que no próximo ano, a situação voltará a se repetir.

E mais uma vez o espetáculo grotesco ocupará os espaços midiáticos, sem que soluções definitivas sejam adotadas para solucionar os problemas ou,até mesmo, mitigarem o sofrimento deste segmento fragilizado da sociedade.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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