Tempo - Tutiempo.net

Friedrich Engels, filósofo alemão

Friedrich Engels

Friedrich Engels, filósofo alemão, foi o principal colaborador de Karl Marx e um dos idealizadores do socialismo científico. Sua obra é vasta e profunda, contemplando uma análise econômica da história e a organização social de vários países europeus, como Inglaterra, Alemanha, França e Rússia.

Também analisou as guerras sob uma perspectiva econômica, bem como a cosmovisão cristã aplicada a levantes camponeses por sociedades igualitárias.

A obra de Engels dificilmente pode ser dissociada da obra de Marx e seu papel na teorização do marxismo não foi secundário, mas fundamental.

Além de estudar, observar, levantar dados, fazer análises e produzir artigos e livros, Engels foi um militante político pela organização do proletariado europeu e pela propagação das ideias marxistas.

Participou da formação da Liga dos Justos, da Liga Comunista, da Primeira Internacional Socialista e do Partido Social-Democrata Alemão.

Engels não era reformista, mas revolucionário. Propunha mais que uma revolução política de viés particularista e ambicionava uma revolução social, de viés totalizante, abrangente, que lançasse as bases sociais para uma sociedade sem divisão de classes.

Teoria de Friedrich Engels

Em 1844, Engels escreveu o artigo Esboço de uma Crítica da Economia Política, em que já lançava as bases de uma análise econômica da estrutura da sociedade.

Esse artigo impressionou Karl Marx e foi um dos responsáveis pela aproximação entre os dois.

Em seu primeiro livro, A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra, Engels descreve e analisa a configuração espacial de cidades inglesas, apontando sua diferenciação territorial conforme classes, ofício e nacionalidade, bem como a incidência de violência policial e condições precárias de moradia e mobilidade nos locais majoritariamente ocupados pela classe trabalhadora.

Em suma, é uma análise da situação do proletariado inglês, baseada em observações pessoais, em leituras da bibliografia disponível sobre o assunto e na consulta a documentos oficiais.

Além disso, avaliou a poluição de ruas, do ar, dos rios e abordou a opressão a que as mulheres eram submetidas pelos homens, ideia que foi mais bem trabalhada posteriormente no livro A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado.

Para ele, o Estado não é provido de uma moral, mas é uma força externa à sociedade que se impõe sobre ela a fim de avalizar a dominação de uma pequena classe sobre a grande maioria, portanto não há conciliação de interesses, mas a proteção da manutenção do poder de uma classe por outra e, portanto, a reprodução da desigualdade social.

Engels também abordou a questão da religiosidade, desenvolvida em seu livro A Guerra dos Camponeses na Alemanha.

Ele enxergou no teólogo Thomas Munzer, que liderou camponeses revolucionários no século XVI, alguém que tentou estabelecer concretamente o “reino de Deus” ao lutar por uma sociedade sem propriedade privada e distinção de classe.

Também estabeleceu um paralelo entre o cristianismo primitivo e o socialismo.

Estudou o militarismo, o contexto de surgimento, as características peculiares e o papel de questões econômicas e políticas em conflitos armados e instituições militares na obra O Papel da Violência na História e em inúmeros artigos.

Monumento a Marx e Engels em Berlim, na Alemanha. [1]

Engels e Marx conceberam a teoria que ficou conhecida como marxismo, uma análise econômica da sociedade capitalista e do conflito entre classes como vetor de mudança social.

O marxismo concebe a história e a sociedade a partir das condições materiais de existência e da luta de classes.

Os pensadores utilizaram como método o materialismo histórico e dialético para analisar as formações econômicas e as relações sociais nas sociedades pré-capitalistas, o surgimento e desenvolvimento do capitalismo, a exploração do proletariado e a necessidade de organização política da classe operária, bem como estratégias revolucionárias.

Nesse conflito de classes que se desenrola, um grupo social pequeno – por eles chamado de burguesia – apropria-se do lucro (produção excedente), que é fruto do trabalho de um grupo social maior, denominado de proletariado.

Essa dominação é assegurada pelo Estado, portanto o caminho da revolução passaria por um Estado que subvertesse essa relação de domínio e criasse condições necessárias para que o Estado em si se tornasse desnecessário.

A luta de classes realizada pelo proletariado a partir de sua tomada de consciência e organização política levaria à superação do capitalismo, à construção do socialismo e, por fim, à constituição de uma sociedade sem classes, o comunismo.

Na sociedade ideal preconizada pelo marxismo, ou socialismo científico, não haveria diferença entre classes e o princípio norteador da divisão das riquezas produzidas seria: “de cada qual, segundo a sua capacidade, cada qual, segundo suas necessidades”.

Principais obras de sua autoria:

A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra (1845);
Princípios Básicos do Comunismo (1847);
As Guerras Camponesas na Alemanha (1850);
Revolução e Contra-Revolução na Alemanha (1852);
Sobre a Questão da Moradia (1873);
Do Social na Rússia (1875);
Anti-Dühring (1878);
Dialética da Natureza (1872 – 1882);
Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico (1880);
A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884);
Para a História da Liga dos Comunistas (1885);
Ludwig Feurbach e o fim da filosofia Clássica alemã (1886);
O Socialismo Jurídico (1887);
O Papel da Violência na História (1888);
Contribuição para a História do Cristianismo Primitivo (1894 – 95).

Grupo de Estudo do cljornal.

OUTRAS NOTÍCIAS