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Impunidade no Brasil contribui para que maus políticos se perpetuem no poder/ Sérgio Jones

O prefeito de Candeias Pitágoras

Mais um escândalo, dentre muitos outros, se repete sem que o poder público haja com o efetivo rigor que a situação exige. A exemplo do que ocorre em outros municípios não só da Bahia, mais em todo o Brasil.

A imprensa baiana denunciou o afastamento do prefeito de Candeias Pitágoras Alves da Silva Ibiapina por suspeita de improbidade administrativa.

A ação foi tomada pela iniciativa do legislativo do município em sessão realizada nesta quinta-feira (09).

Em uma votação de 9 votos a favor e 8 contra, os edis resolveram acatar a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) na qual o gestor é investigado sob suspeita de superfaturar a compra de respiradores adquiridos em razão da pandemia de Covid-19.

Mesmo diante de fato tão degradante a justiça sempre deixa uma janela para que meliantes dessa envergadura, possa fugir de suas responsabilidades. O exemplo é o afastamento do infrator que se dará em caráter cautelar e terá uma duração de 90 dias.

Trocando seis por meia dúzia, quem assume durante o ato de interdição é a vice-prefeita Maria Márcia Gomes (PSDB), que deverá ser empossada no cargo ainda hoje. O curioso, e mais imoral de todo a esse ato burlesco, é que a vice, em um passado não muito distante, também fora acusada pelo MPF pelos crimes de abuso de poder econômico e compra de apoio político. Na denúncia, a Procuradoria pediu a cassação de ambos.

E o que aconteceu?

Ela continua leve e solta para atuar mais uma vez, como bem entender. O mesmo deverá acontecer com o atual prefeito, que após 90 dias deverá retornar ao cargo com discurso de que sofreu e sofre perseguição política e que ele é um cara honesto. Como sentencia uma estrofe da música Canto de Ossanha, autoria de Baden Power e Vinicius de Moraes: “O homem que diz ‘sou não é, porque quem é mesmo é ‘não sou’ “…

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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