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No Brasil bandido não é bandido e cidadão é otário/ Por Sérgio Jones

BANDIDO NÃO É BANDIDO

Inversão de valores sempre foi a tônica do Brasil. Por aqui, como sentencia a máxima popular, o rico mata o pobre e o defunto vai em cana! Os crimes financeiros, entre muitas outras modalidades existentes e praticadas, em sua maioria acontecem sem que aja qualquer tipo de punição.

Todas essas práticas abomináveis acontecem placidamente diante das chamadas autoridades competentes, sob o olhar de um povo com tolerância bovina a caminho do matadouro.

Sem que nenhuma reação efetiva aconteça ou se configure visando extirpar da sociedade essa abominável atividade, que há séculos vem transformando a nação em uma pústula fétida que compromete e corrompe os frágeis tecidos sociais.

No domingo (3), reportagens que integram a série Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), demonstram de forma significativa que o ministro da Economia, Paulo Guedes, manteve ativa a offshore Dreadnoughts International Group Limited mesmo após ter tomado posse no cargo de ministro da Economia, em 2019. A empresa do ministro foi aberta em 2014 e é estimada em US$ 9,5 milhões (aproximadamente R$ 52 milhões).

O mais patético, de todo esse ato sórdido, é a defesa argumentativa feita pelos seus advogados muito bem remunerados com o dinheiro público, apresentada nesta quarta-feira (6) uma série de documentos encaminhados ao Ministério Público que tenta demonstrar que ele não ocupa mais o cargo de administrador na empresa aberta nas Ilhas Virgens Britânicas, considerada paraíso fiscal.

Embora possamos entender os argumentos piegas utilizados pelos profissionais do direito de que “Paulo Guedes, tanto em sua vida privada, quanto no exercício da função pública, sempre se pautou pelos regramentos legais e éticos existentes, tendo sempre apresentando a documentação pertinente ao lídimo exercício do cargo, à Comissão de ética Pública e demais órgãos competentes”. Isso não implica que temos que aceitar a falácia que tenta transformar a mentira em verdade e vice-versa.

Em qualquer país minimamente civilizado e sério, o que não o nosso caso, o ministro seria imediatamente afastado do cargo e se comprovado o seu crime, punido severamente conforme determina a lei.

Não só ele, como o presidente do Banco Central. Roberto Campos Neto. O que não se pode tolerar é que possíveis lacunas existentes na lei possam contribuir ou provocar a omissão da mesma em um caso tão escabroso como esse. Digno de uma Republiqueta das Bananas em que o governo genocida de Jair Bolsonaro estar a transformar o Brasil.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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