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O golpismo do 7 de setembro pode ser a corda para o pescoço de Bolsonaro

Golpe de 7 de setembro

Se a manifestação do 7 de setembro for fraca, mesmo que não seja um fracasso total, Jair Bolsonaro ficará fragilizado e poderá tentar radicalizar ainda mais, na tentativa de se reerguer e se fortalecer com a sua turma.

Se for forte, se transmitir determinação do apoio de militares da reserva (e também da ativa), poderá ser a corda que a extrema direita entregará a Bolsonaro para que se enforque de uma vez.

Um 7 de setembro marcado pelo golpismo explícito, com a presença maciça de gente de verde-amarelo e com fardas das polícias militares (mesmo que sejam fantasias), pode encaminhar Bolsonaro para o penhasco.

Se Bolsonaro se empolgar e fizer na Avenida Paulista um discurso parecido com aquele de 21 de outubro de 2018, logo depois do primeiro turno, quando falou por telefone para uma aglomeração na mesma Paulista e ameaçou matar os inimigos, terá passado do ponto sem volta.

Bolsonaro está numa armadilha terrível com a convocação do 7 de Setembro de preparação do golpe. O fracasso pode enfurecê-lo ainda mais e o sucesso pode ampliar o surto. Nos dois casos, o desatino pode crescer.

Bolsonaro poderá sair do 7 de setembro como um golpista que não terá mais o direito de recuar, com o fracasso ou com o sucesso das manifestações.

E aí então os militares, o centrão, o mercado financeiro e os empresários terão de decidir se continuarão com ele até o fim, mesmo que ninguém tenha condições de saber que fim será esse.

A corda do 7 de setembro está sendo estendida na direção do pescoço de Bolsonaro.

Os resistentes
Os índios são hoje, ao lado de Alexandre de Moraes, os mais bravos militantes da resistência no Brasil.

Os índios acampados em Brasília, enfrentando a ameaça do tal marco temporal, nos emocionam e nos constrangem.

Não há nada parecido entre os brancos urbanos, que promovem caminhadas a cada mês ou mais (quando foi a última?).

Os índios estão lá, desafiando um Supremo que não pode se acovardar diante de grileiros e bandidos misturados a garimpeiros e latifundiários.

A Globo imita Bolsonaro
A Globo nos ofereceu no Fantástico mais um exemplo do jornalismo fofo, que produz reportagens ditas ‘humanistas’, mas sonega informações relevantes que contrariam seus interesses e os interesses da direita.

Ao tratar da tentativa de Bolsonaro de destruição da Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, adotada pelo governo do PT em 2008, a reportagem esqueceu um detalhe que não poderia esconder.

A Globo não ouviu nem mencionou uma única vez o ministro que implementou a educação inclusiva.

Mas ouviu e citou várias vezes o ministro que desrespeita agora o direito à inclusão de crianças e adolescentes com deficiência no ensino regular.

A Globo poderia pelo menos ter dito que o ministro que não discriminava as crianças chama-se Fernando Haddad.

Numa reportagem sobre a sabotagem fascista à inclusão, o Fantástico nem mencionou o ministro que andou na direção contrária.

A Globo tratou Haddad como o governo de Bolsonaro trata os discordantes dos seus métodos nazistas.

Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, DCM e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim).

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