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O Natal desassistido de Feira de Santana

Estamos praticamente na véspera do natal e, mais uma vez Feira de Santana continua fria de sentimentos.

O banho de luz e o espírito natalino passam distantes do que se pode fazer ou até mesmo esperar.

A figura emblemática do Papai Noel só é vista no Shopping Boulevard, no comércio da cidade  são decorações com bugigangas   natalinas que enfeitam algumas vitrines.

O Natal é uma festa que atinge todos os povos, principalmente os católicos do lado ocidental.

Mesmo entre aqueles que optaram por não acreditar em dogmas e filosofias que prometem uma vida após a morte, o natal é uma inspiração de harmonia, que depende dos princípios do evangelho que o sujeito cultivou em vida.

Algumas pessoas se aborrecem nessa época do ano.  Alegam compromissos desmarcados ou não agendados; mensagens constantes no grupo da família alertando que o “grande dia” se aproxima; amigos convidam insistentemente para a farta ceia; e-mails, zaps que cobram presença na enfadonha confraternização da firma e muito mais.

Em outras localidades esses contratempos não existem, não existem porque a cidade foi preparada para viver o clima natalino e tudo é motivo de grande satisfação.

Aqui na terrinha de Lucas da Feira, nem os trabalhadores do comércio usam o gorro de Papai Noel; as empresas de ônibus coletivo continuam frias e distantes do povo; o espírito natalino no coração da cidade não existe; no momento estão pensando em aumentar a tarifa; as unidades de saúde demonstram insatisfação no atendimento; outras são organizações criminosas que surrupiam o dinheiro do povo.

Todo o mês de dezembro deve ser de confraternização; de estreitamento dos laços de amizade entre as pessoas.

Poucos sabem que uma semana depois do Natal, comemora-se o Ano-Novo. É também um feriado dedicado à  celebração da circuncisão de Jesus Cristo, ocorrida oito dias após seu nascimento, conforme prega a fé judaica.

Por falar no nascimento de Jesus Cristo, quem sabe realmente qual é a verdadeira data do seu nascimento?

Nos textos bíblicos encontramos diversas explicações sobre a genealogia de Jesus e também o caráter divino de sua encarnação.

Entretanto porém não tratam de seu nascimento, foto levado a um silêncio sepulcral de todas aqueles que tentam descobrir a data do evento.

Talvez esse silêncio seja em virtude de algumas contradições encontradas nos evangelhos.

Evangelho de Mateus, nele a data de nascimento é no reinado de Herodes.

Em Lucas, essa data ocorreu no período do recenseamento ordenado pelo imperador Augusto.

A divergência: Herodes morreu em 4 a.C. e o rexenseamento romano foi em 6 d.C.

São dez anos que separam as duas únicas referências cronológicas do nascimento de Jesus Cristo.

Então, pergunta-se: como não existe reais evidências sobre a data de nascimento Dele, por que em 25 de dezembro?

A verdade é que essa tradição de natal teve a sua largada em 431 d.c., durante o Concílio de Éfeso, quando os bispos de Roma proclamaram o dogma da “Maternidade de Maria”.

“Tal dogma definia que a mãe de Jesus Cristo gerou em seu ventre não apenas o Cristo como homem, mas também o Cristo como Deus.”

Os cálculos realizados pelos bispos, afirmavam que Maria concebeu Jesus Cristo em 25 de março, e, assim sendo, os fiéis de Roma deveriam comemorar, nove meses depois, em 25 de dezembro o nascimento do filho de Deus, o salvador.

Não se pode negar que o Concílio de Éfeso trouxe mudanças significativas para o cristianismo, essa foi uma delas.

Tudo se encaixava como uma luva para a eliminação da heresia praticada pelos considerados naquela época como pagão, que nesse mês comemoravam o dia do “Sol Invicto”, que acontecia no solstício de inverno, próximo ao dia 21 de dezembro.

Em todas as igrejas os cristãos passaram a celebrar as cerimônias natalinas organizadas pelo bispo de Roma, que fazia entusiasmados sermões, estimulando os devotos a celebrarem o Natal, no espírito religioso, como o nascimento de Jesus Cristo, combatendo os vícios e praticando virtudes.

Estudiosos chegam a afirmar que o Natal foi instituído no dia 25 de dezembro, justamente para eliminar a centenária festa do “Sol Invicto” uma festa “pagã” realizada pelos cristãos.

Séculos após séculos essas comemorações se espalharam por todo o mundo, inclusive se consolidou no calendário gregoriano,  até os dias de hoje.

O declínio religioso vem ocorrendo, com a chegada de Papai Noel o sentimento de fé no Natal está esvaziando-se, o que prevalece é o espírito industrial capitalista, fazendo do consumo a sua mola propulsora.

Assim como o Natal, a mensagem de Jesus Cristo, acreditando nela ou não, sofreu está sofrendo e sofrerá alterações e distorções ao longo dos tempos.

Depois de dois milênios da pena de morte imposta a Jesus Cristo, torna-se de vital importância perguntar o estão dizendo aqui em Feira de Santana os evangelizadores da intolerância, os devotos do justiçamento, os pregadores do “olho por olho, dente por dente”, sobre um homem que manifestou seu amor por um ladrão e lhe fez acompanhar ao paraíso?

Vale lembrar e questionar os pronunciamentos do evangélico e vereador Edvaldo Lima

Só falta ele dizer com o dedo em riste: bandido bom é bandido morto! Sentenciaria: está com dó? Leva pra casa!

O resto ele já disse, inclusive existe uma vídeo dele na tribuna da Casa da Cidadania que todos deveriam assistir.

“Por ironia, no próximo dia 25 de dezembro, para o edil e todos que se dizem “cidadãos de bem”, ou melhor, aqueles que defendem o espancamento de homossexuais, a eliminação de povos indígenas, a discriminação contra os negros, a violência contra a mulher, o endurecimento do sistema prisional e, enfim, os que aplaudem crimes praticados pelo Estado contra os pobres receberão em suas casas um condenado que defendia a tolerância, o amor ao próximo e o respeito incondicional a todos os seres vivos.

O que será que vão fazer: expulsá-lo de casa, encarcerá-lo, negar os seus ensinamentos, chama-lo de petista, petralha e comunista?

Acredito que festejar as ideias e a história do homem que celebram, não serão as praxes, será a exaltação da falsidade e a consolidação da traição.

Simplesmente estarão dando vazão aos seus egos e preconceitos.

Guimarães Rosa vaticinou:

“Deus mesmo, quando vier, que venha armado!”, “pois, assim como aqueles que defendiam uma sociedade justa e humanizada, o destino de Cristo no Brasil certamente, seria o de ser abatido à tiro de fuzil.”

(cl)

 

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