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O que é o fascismo?

Harpal Brar

Longe de ser uma teoria independente criada em oposição ao capitalismo, ou uma ideologia independente da pequena burguesia hostil tanto ao proletariado quanto ao capitalismo monopolista, o fascismo é, pelo contrário, a mais consumada expressão, em certas condições de extrema decadência, das principais tendências políticas do capitalismo em sua etapa imperialista.

O fascismo é a resposta prática da burguesia imperialista à ameaça da revolução proletária. É um movimento de massas contrarrevolucionário que, contando com o apoio total da burguesia, que põe em prática uma mistura de demagogia social e métodos terroristas com o objetivo de esmagar a revolução e fortalecer a ditadura do capital financeiro.

Para definir o fascismo e situa-lo em sua realidade concreta, há de se expor a sua base de classe, em qual sistema de relações de classe em que nasce e no qual funciona, e o papel de classe que lhe atribui o capital financeiro e que tão bem o cumpre.

Qualquer tentativa de separar o fascismo do seu progenitor – a ditadura bruguesa – só pode nos conduzir a afirmações absurdas, como as que escreve o Daily Herald, órgão oficial do Partido Trabalhista e da T.U.C., no mesmo dia no qual os Nazistas tomam e sequestram os sindicatos na Alemanha.

“O nacional-socialismo, cumpre lembrar, chama-se socialista, assim como Nacional. O seu socialismo não é o socialismo do Partido Trabalhista, ou de nenhum outro partido socialista reconhecido em outros países.

Mas, em muitos pontos, é um credo que repugna os grandes proprietários, os grandes industriais e os grandes financeiros. E os líderes nazistas estão obrigados a seguir a vertente socialismo do seu programa.”

As linhas citadas acima, sem dizer nada sobre o “socialismo” dos nazistas, revelam muito sobre o “socialismo” do Partido Trabalhista e o T.U.C., assim como também o forte respaldo à linha dos líderes do imperialismo, segundo o qual o fascismo é meramente uma vertente do socialismo – uma vertente muito pouco ortodoxa, mas não por isso um “perigo para os grandes proprietários, os grandes industriais e os grandes financeiros”, que, por mais estranho que possa parecer, o financiaram generosamente antes de finalmente coloca-lo no poder no período em que a oficina governamental foi assumida pelos fascistas, assim como também durante a etapa da ditadura fascista.

Em nenhum país o fascismo conquistou o poder.

Foi alimentado e permitido crescer, foi salvo da extinção em seus estágios iniciais nas mãos do movimento da classe trabalhadora, e finalmente posto no poder, graças ao apoio direto da burguesia.

Pode contar com a assistência da maior parte da máquina estatal – o corpo de oficiais do exército, da polícia e do Judiciário, que enquanto empregavam a máxima severidade contra a oposição proletária, tratavam os fascistas com leniência benigna.

Graças a sua demagogia social, o fascismo podia construir uma base de massas mais ampla apelando especialmente a pequena burguesia (também esmagada pelo capital monopolista), assim como ao lumpenproletariado e aos setores mais desmoralizados da classe operária, ajudados pelos grandes barões das finanças e indústria, assim como os grandes magnatas, todos esses deram o suporte financeiro e a direção política.

Porém, uma vez no poder, o fascismo realizou os ditames implacáveis do capital monopolista e sem piedade virou a máquina do Estado contra aqueles partidários que foram crédulos o suficiente para esperar políticas anticapitalistas dos nazistas.

Já no poder, abandonando a sua retórica anticapitalista, o fascismo revelou-se em suas verdadeiras cores de “ditadura terrorista do grande capital” (Programa da Internacional Comunista, 1928).

“O fascismo aparece quando um poderoso movimento da classe operária atinge uma etapa de crescimento que inevitavelmente levanta questões revolucionárias, mas é controlado pela ação decisiva das lideranças reformistas… O fascismo é filho do reformismo” (R. Palme Dutt, Labour Monthly, julho de 1925).

Harpal Brar

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