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Paleontóloga brasileira lidera descoberta de fóssil pré-histórico na Alemanha

© Foto / PublicDomainPictures

A descoberta na Alemanha de um fóssil com características específicas de um réptil do gênero Sphenodon da ordem Escamado, despertou a curiosidade dos paleontólogos, liderados pela brasileira Gabriela Sobral.

A descoberta deste novo réptil pré-histórico poderia ajudar a esclarecer a história evolutiva destes animais.

História rica e ancestral

Os Lepidosauromorpha são uma classe de vertebrados répteis que inclui formas extintas e formas viventes como as cobras e lagartos, totalizando cerca de 10.500 espécies.

Fóssil do Vellbergia bartholomaei
© CC BY 4.0 / GABRIELA SOBRAL / TIAGO R. SIMÕES / RAINER R. SCHOCH Fóssil do Vellbergia bartholomaei

Pesquisadores encontraram um pequeno fóssil de lepidosauromorpha em um depósito datado do período Triássico Médio (247 milhões a 237 milhões de anos atrás), em Vellberg, no sul da Alemanha.

O achado consistiu, entre outras peças, em um crânio parcial de cerca de 12,5 mm. As análises revelaram que pertencia a uma espécie desconhecida que acabou sendo apelidada de Vellbergia bartholomaei.

O pequeno tamanho deste espécime – um dos menores fósseis descobertos nesta classe, poderia indiciar tratar-se de um réptil jovem, por ter órbitas relativamente grandes em relação ao tamanho do seu crânio, parecendo não estar ainda suficientemente crescido.

Contudo, “não o consideramos um recém-nascido ou jovem devido ao alto grau de ossificação dos ossos cranianos, como os ossos frontais e nasais”, relatam os pesquisadores em um estudo publicado em 20 de fevereiro na revista Nature.

Seria um ancestral comum de muitos répteis?

O estudo do Vellbergia bartholomaei poderia vir a proporcionar um melhor conhecimento sobre a evolução dos répteis.

Embora tivesse características próprias (como dentes estreitos e curtos) que o tornam uma espécie diferente de outras, o Vellbergia bartholomaei “possui um mosaico de características que são geralmente observadas tanto em rincocéfalos como em escamados”, refere o estudo.

Esta característica intrigou e fascinou os cientistas, por poder significar que o novo réptil poderia ser o ancestral comum destas duas linhagens.

Mas os primeiros dados apontam em outro sentido, indicando “que Vellbergia é um lepidosauromorpha fora das espécies rincocéfalas e escamadas, mas com afinidades incertas com ambos”, observaram os autores do estudo.

“Não, Vellbergia não é o ancestral comum das espécies rincocéfalas e escamadas. Ele é parente de ambos (mais próximo deles do que de crocodilos, aves ou tartarugas), mas não é um ancestral em si”, afirmou à Sciences et Avenir a paleontóloga e bióloga brasileira doutora Gabriela Sobral, autora principal do estudo.

A pesquisadora assegurou que não é fácil estabelecer correlações entre animais que viveram há milhões de anos com atuais. Seja como for, o Vellbergia bartholomaei terá de encontrar o seu lugar na evolução das espécies.

Sputnik

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